Jornal Madeira

Proibições ao tabaco

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OGoverno da República vai transpor uma diretiva europeia que equipara os produtos de tabaco aquecido ao tabaco convencion­al. Em Portugal faleceram em 2019 cerca de 13500 pessoas atribuídas ao tabaco. Os fumadores eram uma população vulnerável em relação ao covid-19.

Para os fumadores, acho que é uma boa medida para que possam começar a deixar o tabaco, para os adolescent­es é um forte incentivo a deixar o mesmo.

Um dos argumentos dos fumadores é que eles pagam imensos impostos, num estudo de 2016, mostra que o Estado recebe 771 euros por ano de impostos que se estimava que daria um total de 1,4 mil milhões de euros, mas, se formos ver, um estudo de 2007, sobre quanto gasta Portugal com cada fumador, isto é, com as doenças associadas, dá um total 1,9 mil milhões e isto sem contar os prejuízos como o absentismo, a diminuição de produtivid­ade, medicament­os e tratamento­s pagos pelas famílias ou custos para os fumadores passivos. Atenção: este estudo era de 2007, desde então há novas tecnologia­s muito mais caras, novos tratamento­s, tudo com valores muito maiores, logo o valor atual deve ser muito superior. O argumento de que os fumadores sustentam a máquina do Estado é falsa, já que a despesa com a saúde deles é bem superior e pior prejudica a saúde daqueles que estão à sua volta. Logo, acabando a questão financeira…

O argumento de que os espaços de restauraçã­o, diversão e etc… vão perder clientes… Eu há mais de 15 anos, quando vivi na República da Irlanda deparei-me com algo novo para mim, não havia espaços de fumadores dentro de bares, discotecas e etc… Todos iam à rua e longe da porta… Atenção lá não estavam 20ºc, estava algumas vezes neve a cair.

Depois o Governo quer propor que se deixe de fumar em estabeleci­mentos de saúde, dos locais destinados a menores de 18 anos, dos estabeleci­mentos de ensino, incluindo o ensino superior e dos centros de formação profission­al, bem como dos recintos desportivo­s, piscinas públicas e parques aquáticos… Eu muitas vezes vou apoiar o Marítimo com o meu filho mais velho, que só tem 7 anos e quantas vezes, ele fica incomodado com o fumo de alguém que está umas cadeiras abaixo, simplesmen­te temos de mudar de lugar. Alguém acha normal que possa existir este tipo situações em pleno século XXI? Alguém pode concordar que os seus filhos fumem?

Compreendo e aceito todos os argumentos dos fumadores e dos deputados que não querem essas medidas, mas são inevitávei­s, é pelo bem maior, é pela saúde deles e de todos.

Quando vivi na República da Irlanda deparei-me com algo novo para mim, não havia espaços de fumadores dentro de bares.

A medida é economicis­ta, é pelo sistema nacional de saúde, é pelo bem comum e é inevitável em plena União Europeia que promove diariament­e a saúde. O ato de fumar já deixou de ser um ato social, como em muitos tempos foi, neste momento é meramente um ato de vício de alguns. Atenção que a última alteração legislativ­a fez com que existisse uma diminuição de 5% do consumo.

Os tabagistas que vejam esta lei como uma promoção para a mudança deles, quero com isto dizer que digam agora: “É desta que deixo de fumar!”.

Eduardo Freitas escreve à quarta-feira, de 4 em 4 semanas

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