Parceria benéfica
O Académico Clube Desportivo do Funchal, no passado sábado, fez história ao terminar no 3.º lugar da Zona 3 da II Divisão Nacional e assim garantir a presença na Divisão de Honra de andebol masculino, prova que terá a sua edição inaugural em 2023/24. Com a reformulação das competições seniores, a Divisão de Honra – que irá se posicionar entre o Campeonato Andebol 1 e a II Divisão – tem como objetivo aumentar a competitividade e, consequentemente, a qualidade dos andebolistas nacionais.
O fim do projeto Madeira SAD ditou que o Marítimo, que estava na 2.ª Divisão, transitasse em 2022/23 para o Andebol 1, ao passo que o Académico passou para o lugar anteriormente ocupado pelos verde-rubros no segundo escalão. A cooperação entre os dois emblemas é “excelente, numa partilha de objetivos e ideias de ambos”, havendo “empatia para potencializar os jovens jogadores madeirenses”, segundo deu conta Rui Quintas, técnico dos academistas.
Ao JM, o treinador fala em “enorme satisfação” pelo feito alcançado, sustentando que foram aproveitadas as condições que vinham a ser desenvolvidas. Elogia ainda grupo que orientou, salientando o forte espírito de união de plantel jovem, onde a média de idades ronda os 21 anos. “Foi um ano de muito trabalho, onde voltámos a ter uma equipa nos nacionais e a continuação daquilo que tem vindo a ser desenvolvido, desde há três anos, pelo Marítimo. Foi uma época muito positiva e de grande valor por parte dos atletas”, começou por dizer o técnico que vive na Madeira há 23 anos, tendo chegado ao arquipélago para lecionar e onde desenvolveu a sua carreira de técnico de andebol, primeiro nas camadas jovens de GD Estreito e Marítimo, e entre 2019 e 2022 como treinador dos seniores verde-rubros.
Trabalho, esforço e dedicação
Rui Quintas assume que o acesso à Divisão de Honra era o segundo objetivo traçado no arranque da temporada, uma vez que o primeiro “era trabalhar os jogadores com vista a desenvolver o andebol madeirense”, atletas, esses, que durante a sua formação representaram todos os clubes regionais. “Sabíamos de antemão que iria ser difícil, mas o grupo de trabalho dava-nos garantias. Mas foi preciso muito trabalho, esforço e dedicação por parte do grupo para termos alcançado esse objetivo.
Durante grande parte da temporada, o Académico esteve ‘estacionado’ nos três lugares que davam acesso à Divisão de Honra, numa disputa muito competitiva até final. O recém-despromovido Boa-hora acabou por dominar a Zona 3 da II Divisão e, segundo Rui Quintas, foi um merecido vencedor com 71 pontos. Já a diferença pontual entre o 2.º e o 7.º lugares foi sempre curta, numa luta que envolveu, para além do Académico (63 pontos), o Benfica B (64), Almada AC (62), Sporting B (61), Alto do Moinho (59) e Estrela da Amadora (58).
Não obstante um momento menos conseguido no final do outono, onde os academistas averbaram três derrotas consecutivas e que, segundo o técnico, começaram a duvidar da possibilidade de alcançar
O Académico tem trabalhado em estreita parceria com o Marítimo, existindo atletas que atuam nas duas equipas. O relacionamento é “excelente”. “O maior investimento do Marítimo na sua equipa sénior fez com que se melhorasse o nível da equipa. Dessa forma houve a possibilidade de virem alguns atletas jovens para a Região, que até são internacionais nas nossas seleções jovens, que vieram para representar os dois clubes”.
a Divisão de Honra, a chegada do ano novo trouxe a confiança necessária para alcançar o sucesso. “Iniciámos bem o ano de 2023 e o calendário também nos proporcionou uma data de jogos com equipas ligeiramente mais acessíveis. Fomos ganhando mais confiança e, mesmo nos momentos mais difíceis, o grupo foi sempre bastante unido. Fomos trabalhando, evoluindo e retificando alguns pormenores”, explicou ao JM o técnico nascido há 47 anos na cidade moçambicana da Beira.
Muita margem de evolução
Questionado se o plantel tem condições para fazer uma boa campanha na próxima época, Rui Quintas acredita que os atletas têm “muita margem de evolução”, embora exista alguma indefinição sobre jogadores que poderão continuar os estudos fora da Madeira. “Há uma base sólida de grupo, mas que será apoiada e renovada com a entrada de outros jogadores”, sublinhou.
O treinador confia que a Região vai conseguir formar novos valores, mesmo com o decréscimo de atletas, fator que, no seu entender, tem a ver com o aparecimento de outras modalidades, a centralização dos clubes no Funchal e com a redução da taxa de natalidade. “O importante é que os jovens pratiquem desporto e tenham uma vida mais ativa”, conclui.