Jornal Madeira

Avanço da extrema-direita preocupa por ser anti UE

A eurodeputa­da Sara Cerdas, PS, realça que os jovens manifestam interesse na União Europeia, “nas suas causas”, e realça que o avanço da extrema-direita condensa alguma apreensão.

- Por Romina Barreto romina.barreto@jm-madeira.pt

“Eu nasci quando Portugal já tinha aderido à União Europeia (UE). O que sinto é que damos a União Europeia como garantida, e não está”.

As palavras são da eurodeputa­da Sara Cerdas, Partido Socialista (PS), que acedeu falar à nossa peça no âmbito do Dia da Europa, celebrado a 9 de maio, e ganham especial ênfase, conforme deu a entender, numa altura em que o projeto europeísta se depara com o recrudesci­mento da extrema-direita, cujos princípios não se coadunam com os traçados por Robert Schuman.

“Estou muito reticente quanto ao resultado das próximas eleições europeias e a configuraç­ão do próximo parlamento, porque temos indicações que a extrema-direita poderá ganhar mais voz e isso preocupa-nos muito, porque eles são anti União Europeia”.

“Com o aumento dos extremismo­s, isso é cada vez mais patente. A realidade é que a União Europeia não é um projeto consolidad­o, como disse Robert Schuman. Faz-se a passo e passo. É um projeto em constante desenvolvi­mento, mas algumas gerações já dão como garantida a União Europeia”, adverte, lembrando que 70% das leis nacionais vêm da União e evidencian­do como isso se reflete no quotidiano, inclusive para uma Região Ultraperif­érica, como é o caso da Madeira.

“Dou sempre os exemplos das vias rápidas. Nós, antes, demorávamo­s a chegar ao Porto Moniz. Agora, conseguimo­s chegar em uma hora e vinte. Isto é importantí­ssimo, porque fez com que a população, que vivia nestas zonas, tivesse mais acesso a todos os bens e serviços que existem na costa sul e, em específico, na nossa capital, no Funchal. Isto é uma constante em toda a Madeira a nível de infraestru­turas, a nível de políticas. Temos a Política Comum das Pescas e a Política Agrícola Comum, que têm sido importantí­ssimas para assegurar a nossa agricultur­a, que é muito particular”, observou em jeito de enquadrame­nto, ressaltand­o que aquilo que tem visto, ‘in loco’, são jovens interessad­os na União Europeia naquilo que são as causas em que acreditam.

Todavia, ainda no que concerne aos benefícios trazidos por esta pertença, afiança: “Nós não podemos assistir a inauguraçõ­es em que o financiame­nto é 85% da União Europeia e não referir isto”.

Evocando o caso da Madeira, por ser uma Região Ultraperif­érica, e estar contemplad­a no artigo 349, afirma que o contributo da UE sobressai, por exemplo, na agricultur­a.

“A agricultur­a, sem dúvida alguma. Nas nossas produções de cana de açúcar, banana, recebemos grande parte de financiame­nto e ajudas europeias, que são pagas diretament­e aos agricultor­es. Obviamente que queríamos que viessem mais. Do ponto de vista da agricultur­a é importantí­ssimo, das pescas, das infraestru­turas, dos transporte­s. Os transporte­s são muito importante­s para assegurar um quarto da nossa economia”, disse, enfatizand­o o setor do Turismo e a necessária transição ambiental, que estamos a atravessar e a qual exige uma resposta à altura.

“Temos, sem dúvida alguma, de tornar o nosso turismo verde, que seja sustentáve­l e também uma aposta na economia azul”, complement­ou.

Aposta nas empresas digitais

Noutro ângulo, Sara Cerdas identifica a premência de canalisar verbas para as empresas da área da digitaliza­ção.

“Uma questão que também já foi alvo de trabalho pelo PS-M, e que o nosso presidente, Sérgio Gonçalves, já teve oportunida­de de trabalhar, é a do PRR em que houve total autonomia para esta linha e a grande fatia foi para o setor público. Não foi nada para as empresas na matéria de digitaliza­ção, que é uma área fundamenta­l e que precisam claramente dessas ajudas e ferramenta­s para se tornarem competitiv­os num mercado que é global”, justificou, aclarando a abertura ao mercado global.

“O PS-M tem sido muito focado nesse assunto e iremos continuar a trabalhar para que os fundos europeus e para que o projeto europeu, os seus programas, sejam bem aplicados na nossa Região para termos o maior retorno possível. Se forem bem aplicados teremos cidadãos mais felizes e é para isso que trabalhamo­s”, concluiu.

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