Jornal Madeira

“Devíamos saber o que é que queremos fazer e nem sabemos”

Pelo PSD falou José Manuel Fernandes, que elencou o clima como desafio, lembrando os fundos da UE.

- Por Romina Barreto romina.barreto@jm-madeira.pt

José Manuel Fernandes, eurodeputa­do do Partido Social Democrata (PSD), foi quem falou à nossa peça na ausência da madeirense Cláudia Monteiro de Aguiar, que se encontra em licença de maternidad­e.

O eurodeputa­do reforçou a premência em construir uma “Europa proativa, em vez de uma Europa reativa. Os egoísmos nacionais não são solução, nem os extremos, de extrema-direita ou de extrema-esquerda”, priorizou, expressand­o que falta, neste momento, “uma Europa que tenha força global e para isso são necessário­s projetos comuns”.

Dossiês que passam pela energia, mas também pelo digital, sem descurar que – no que a matérias raras diz respeito –, a Europa depende da China em mais de 90%.

“A Europa tem a questão da população, que somos menos 6% da população mundial, mas ainda é aqui que está o maior estado social do planeta. Mais de 40% das despesas sociais do planeta estão aqui. Para além disso, nós somos os maiores doadores mundiais e da ajuda ao desenvolvi­mento, o que nem sempre há consciênci­a desta questão”, alertou. Há ainda a destacar, na sua ótica, “o problema gravíssimo, que é a natalidade”.

Fundos mal aplicados

Já instado a pronunciar-se acerca do ‘derrame’ dos dinheiros vindos da União Europeia no país, afirmou, perentoria­mente, que estes não são bem aplicados e fundamenta o rotundo não com falta de critérios.

“Primeiro, devíamos saber o que é queremos fazer e nem sabemos. Que Portugal é que queremos em 2030? Quando falo em Portugal, falo em Açores e Madeira. Que Portugal é que queremos também com objetivos regionais… e até para articular, não só o PRR, como o Portugal 20-30”, projeto último que ainda não começou e, acredita, “não vai ter, sequer, pagamentos este ano”.

“Os fundos não têm os resultados que deveriam ter. Não há uma qualidade nos projetos, até porque é feito tudo de uma forma atabalhoad­a e as coisas são feitas para não se devolver dinheiro. O país na União Europeia que mais depende do Orçamento da União para o investimen­to público é Portugal, 85% do investimen­to público, em Portugal, tem origem no orçamento da União. O que é que isto significa? Que o orçamento do Estado não está a fazer o trabalho dele, não está a investir, por isso ficamos para trás. Por isso, estávamos em 15.º lugar em 2015 – em termos de PIB per capita –, e agora estamos em 21.º e a ser ultrapassa­dos por todo o leste”.

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