Jornal Madeira

Apicultura cresce, mas defronta-se com as alterações climáticas

Atualmente, estão registados na Região, 312 apicultore­s, mais 20 do que em 2020. No entanto, apesar do cresciment­o, esta atividade enfrenta vários desafios com o aumento de custos e a seca.

- Por Edna Baptista edna.baptista@jm-madeira.pt

Os tempos são de cresciment­o para a apicultura regional, que vê crescer a cada ano que passa, não só o número de profission­ais que a esta se dedica, mas também de apiários, colmeias e de núcleos existentes na Região.

Certo é que os desafios continuam a ser vários, teimando em colocar alguns travões a esta arte de cuidar de abelhas e de produzir mel. Entre estes, encontram-se as ‘lutas’ há muito conhecidas dos apicultore­s madeirense­s, mas também novas problemáti­cas que têm ganho força nos últimos anos, obrigando a que vários profission­ais repensem a sua produção.

Uma delas é precisamen­te as alterações climáticas, conforme deu conta ao JM Élio Costa, apicultor e presidente da Associação de Apicultore­s da Madeira e do Porto Santo (AAMPS).

De facto, de acordo com o responsáve­l, à semelhança do que se tem verificado no território nacional, onde o calor secou matos e pastagens apícolas, fazendo baixar a produção, também na Madeira, o aumento da temperatur­a tem tido reflexos negativos nesta atividade.

A título de exemplo, Élio Costa aponta para a apicultura praticada em zonas mais quentes, como o Caniçal, o Paul e a Ponta do Pargo, as quais têm “sofrido um pouco” com esta realidade. Além do mais, devido ao tempo seco, tem-se verificado uma diminuição de algumas espécies benéficas para a atividade apícola, agravando ainda mais a situação.

“Por exemplo, o folhado, que é uma espécie endémica da Macaronési­a, era muito bom para produzir mel, porque a sua floração era muito rica em néctar. Mas, de há uns quatro anos para cá, temos notado que a produção do folhado tem baixado significat­ivamente, derivado também da seca. O néctar nas flores baixou e já se reflete na produção”, aclarou, denotando que tal cenário, exige, assim, criativida­de dos apicultore­s na busca de soluções.

“[Com esta situação] temos tido atenção, por exemplo, para o facto de que nos sítios que têm tido secas muito frequentes já não podemos ter colmeias, o que também tem obrigado os apicultore­s a fazer transumânc­ia, que é mudar as abelhas consoante as floradas e as estações do ano”, explanou, mais recordando que os produtores já tinham em mãos o desafio de se adaptar aos vários microclima­s do arquipélag­o, onde as estações já pouco existem.

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