Duarte Belo expõe ‘Cratera’ na Escola da Vila
Exposição de fotografia e desenhos que proporcionam caminhada visual pela ilha do Porto Santo inaugura no sábado. Mapeamento da ilha foi desenvolvido em residência artística, entre 2022 e 2023.
As residências artísticas realizadas por Duarte Belo na Escola do Porto Santo entre 2022 e 2023 ganham, agora, a forma de uma exposição, intitulada de ‘Cratera. Arte e liberdade como escola’, que será inaugurada nesse local atualmente explorado pela associação cultural Porta33 no próximo sábado, dia 13 de abril, às 16h30.
Formado em arquitetura, Duarte Belo tem, desde 1986, trabalhado no “levantamento fotográfico sistemático da paisagem, formas de povoamento e arquiteturas em Portugal”, sendo que, na sua estadia na ilha dourada, assumiu o espaço da Escola da Vila como “o ponto nodal da construção de um dispositivo visual baseado em percursos pedestres pelo espaço envolvente ao próprio edifício e que se estendem por toda a ilha de Porto Santo”.
A partir daí, eternizou, na fotografia, percursos, de uma forma a que seja possível transmitir a perceção da “continuidade do espaço percorrido, da coerência da linha que é um somatório de pontos de vista que nos devolvem uma representação gráfica dos lugares percorridos”.
Nas fotografias expostas a partir do próximo sábado, será possível encontrar, por um lado, fragmentos da estrutura do território, mormente no que diz respeito aos principais elementos da organização da paisagem, ao nível geológico e do povoamento humano, e, por outro, alguns detalhes das paisagens naturais, rurais e urbanas. Tudo isto irá proporcionar, ao visitante, uma ideia de caminhada visual, procurando-se, aqui, simular percursos fotográficos através de uma proliferação visual de ‘frames’ que são quase como que fragmentos de um filme que terá sempre como ponto de partida a escola, vista como “a metáfora do conhecimento do lugar, da ilha, do mundo”.
“Mais do que procurar obter belas imagens isoladas”, refere a Porta33, o objetivo da recolha fotográfica foi o de “captar um grande número de fotografias, dispostas em linhas, que nos permitirão seguir visualmente os percursos efetuados”, sendo que estes registos demonstram “a complexidade da paisagem atual, num ambiente visual onde certamente se encontram dissonâncias, elementos de perturbação de uma ordem visual primordial, anterior ao povoamento humano da ilha”.
Os registos constituem, também, um autêntico mapeamento fotográfico do Porto Santo, numa “interpretação da terra como lugar de viagem permanente” e da “procura do sentido do próprio caminhar”.
A ilha desenhada
Juntamente com o corpo de imagens fotográficas captadas na ilha do Porto Santo, a exposição irá também apresentar um conjunto de desenhos realizados por 27 pessoas, crianças e adultos, que fizeram parte das oficinas de desenho conduzidas por Luísa Spínola, que são aqui colocados numa relação com a fotografia de Duarte Belo. Mara Alves, Chris Campbell, Cláudia Gomes, Ana Ruel, Sérgio Lopes, Sara Costa, Filomena Fernandes, Ana Bela Costa, Astrid Schwalk, Vera Menezes, Jürgen Kucherer, Rita Alves, Simone Sousa, Ana Bela Ferreira, Cláudia Faria, Manuela Mota, Carmo Freitas, Nélio Camacho, Patrícia Sousa, Inês Fernandes, Constança Velosa, Francisco Menezes, Matias Velosa, Francisco Silva, Bárbara Camacho Silva, Francisco Camacho Silva, Maria João Sousa são os nomes que efetuaram este exercício de aprendizagem sobre si próprios, sobre a ilha e sobre a fotografia.