Congresso discute proposta que fecha a porta ao Chega
Moção entregue por 23 militantes traça uma clara linha vermelha que, se for aprovada, impede o Psd-madeira de fazer qualquer tipo de acordo de governo com o Chega.
O Congresso do próximo fim de semana vai ser chamado a pronunciar-se sobre uma proposta que trava qualquer entendimento com “partidos de extremadireita”. A moção, que tem Rubina Berardo como primeira subscritora, é assinada também por Leonel Silva, Conceição Pereira, Sara André e mais duas dezenas de militantes. O propósito é impedir “coligações ou negociações de incidência parlamentar” com partidos como o Chega.
Um grupo de 23 militantes do PSD entregou na passada sexta-feira uma proposta temática para ser debatida durante o XIX Congresso Regional que vai acontecer no próximo fim de semana. Basicamente, a moção traça uma clara linha vermelha que, se for aprovada, impede o Psd-madeira de fazer qualquer tipo de acordo de governo com o Chega.
Embora sem nunca referir o nome da formação política de André Ventura, liderada na Madeira por Miguel Castro, a moção refere-se várias vezes, e de forma pouco simpática, a partidos de extrema-direita.
O documento tem Rubina Berardo como primeira subscritora, mas na lista de proponentes constam outros nomes conhecidos. Além da ex-deputada do PSD na Assembleia da República, está Leonel Correia da Silva, o novo presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos e ainda Conceição Pereira, deputada na Assembleia regional, ou Sara André que tem assumido posições bastante divergentes da direção do partido e que integrou o núcleo duro da candidatura de Manuel António Correia nas eleições diretas.
Outro nome conhecido que aparece como subscritor desta proposta é Rui Alves, o presidente do Nacional, que tem assumido uma forte oposição a Miguel Albuquerque.
A proposta foi entregue à organização do congresso na passada sexta-feira e começa com um enquadramento histórico dos 50 anos do 25 de Abril. Segue depois para a evocação da estratégia e pensamento de Francisco Sá Carneiro.
Nessa linha, a moção considera importante que “o Congresso também se pronuncie sobre a sua matriz ideológica” e recorda alguns artigos dos estatutos do PSD-madeira, nomeadamente sobre princípios fundamentais como o “respeito pela democraticidade e pluralismo internos”.
A moção recorda ainda que o PSD é um partido “dialogante, aberto à pluralidade de opiniões e à sociedade civil” e defensor de valores avessos “a qualquer tipo de xenofobia, de incitação ao ódio, de marginalização ou de perseguição de minorias”.
Transmitido o recado interno, o texto lembra exempos políticos que marcam a atualidade nacional e mesmo internacional. Recorda o “crescimento de forças da direita autoritária, à semelhança do que ocorria na restante Europa e na política americana (a norte e a sul). À qual a democracia liberal nunca poderá ceder nem se deixar confundir pela deriva tribalista destes apologistas de autocratas”. Como resultado desse enquadramento, os proponentes consideram que “torna-se assim avesso aos princípios fundamentais do PSD-M contrair processos de cooperação política com partidos de extrema-direita”. E especificam que esses processos de cooperação se referem claramente a coligações ou negociações de incidência parlamentar com tais partidos.
A proposta acrescenta que o PSD-M nunca poderá ficar refém desses extremismos e recorda “a mesma extrema-direita com representação parlamentar na ALRAM, saudosista do Estado Novo que oprimiu a liberdade e a autonomia”.
A finalizar, a proposta temática lembra que “a característica profundamente centralista e anti autonomista destes partidos políticos de extrema-direita em toda a Europa”. Feita essa associação, os militantes do Psd-madeira consideram “inconcebível” que o seu partido “se alie aos que combatem a autonomia”. “É preciso desmascarar a fraude da extrema-direita”, conclui o texto da moção que vai ser avaliada pelos militantes do Psd-madeira durante o congresso do próximo fim de semana.