Mercados de trocas vêm dar nova vida às roupas usadas
A Madeira tem visto aparecer várias iniciativas que promovem a sustentabilidade na escolha do que vestimos. As festas ‘swap’ podem ser a solução para quem não sabe o que fazer às peças que já não quer.
A cultura da comercialização de produtos em segunda mão tem uma presença quase silenciosa na Região. Contudo, a pouco e pouco, há negócios a abrir portas e iniciativas a serem lançadas em prol do desenvolvimento sustentável. O consumo responsável revela-se, cada vez mais, uma urgência, com o planeta a suplicar, de várias formas, desde as temperaturas surpreendentes às catástrofes inesperadas, a redução de resíduos e a poupança de recursos.
Assim, e sendo estimado que a indústria da moda seja responsável por 10% das emissões de carbono a nível mundial (o que corresponde a uma parcela superior à das emissões conjuntas dos voos internacionais e dos transportes marítimos), torna-se imperativa uma tomada de posição pela consciencialização acerca do impacto do consumo.
Esse é o principal propósito que leva à organização das festas ‘swap’ (troca, em português), que começam a marcar a agenda de eventos na Madeira. O conceito é simples e consiste num mercado no qual, em vez de as roupas serem comercializadas a troco de dinheiro – como acontece nas lojas físicas de artigos em segunda mão -, uma peça usada é trocada por uma outra.
“Qualquer peça de roupa que já não esteja a ser usada, ou por já não servir ou pela pessoa já não se sentir representada por ela, pode ser trazida para estes eventos, nos quais os participantes poderão levar para casa o mesmo número de peças que trouxerem”, explica Tereza Sýkorová, natural da República Checa, que fundou a iniciativa ‘Funchal Swap’, o primeiro evento deste género a acontecer na Madeira.
A primeira edição teve lugar no Barreirinha Bar Café a 24 de fevereiro, tendo sido um “sucesso”. É naquele espaço, situado no Largo do Socorro, que irá acontecer uma segunda edição desta iniciativa, a 27 de abril, entre as 13h00 e as 19h00, sendo que, para participar, é necessário pagar uma entrada de cinco euros e, naturalmente, trazer consigo peças de roupa para trocar.
O apelo é a não ceder ao impulso de deitar fora tudo o que já não tenha uso, porque, desde que se trate de uma peça em bom estado de conser
vação, esta pode ganhar uma nova vida com outra pessoa. No caso da ‘Funchal Swap’, no decorrer do evento, a organização garante que as roupas ali disponibilizadas estão limpas, engomadas e, enfim, como novas e prontas para receberem um novo dono, havendo, inclusivamente, um provador para experimentar as peças disponíveis para troca.
Desta forma, a organização quer “conscientizar o público sobre a sustentabilidade na moda, proporcionando-lhes um espaço de troca e convívio, diz Tereza Sýkorová, que salienta que “embora a cultura de segunda mão ainda esteja na sua infância na ilha da Madeira”, acredita “firmemente que esta abordagem se tornará uma forma popular de trocar roupas e conectar-se com outras pessoas, aprender a reparar e cuidar de roupas e apoiar causas benéficas para o nosso planeta.”
Sendo possível que existam roupas a sobrar de cada uma destas iniciativas, a organizadora explica que algumas destas peças são sorteadas, outras são doadas para associações de caridade, outras reservadas para eventos futuros, e há até exemplares a serem utilizados para criações artísticas.
No que toca aos projetos futuros, a organização do ‘Funchal Swap’ tem “planos ambiciosos” para a realização de iniciativas a envolver a sustentabilidade nas artes e no design de moda, assim como vários eventos educativos. “Podem esperar vários temas, convidados, workshops e concertos”, desvenda Tereza.
Embora a cultura de segunda mão ainda esteja na sua infância na ilha da Madeira, acredito firmemente que esta abordagem se tornará uma forma popular de trocar roupas e conectarse com outras pessoas, Tereza Sýkorová, fundadora do ‘Funchal Swap’