Jornal Madeira

Acusado de tentativa de em silêncio

Recusa em dar 20 euros terá motivado agressão com arma branca. Apesar de assumir estar de relações cortadas com o arguido, o ofendido disse que o perdoava e que tencionava desistir da queixa.

- Por Marco Milho mmilho@jm-madeira.pt

Um homem de 54 anos, acusado de ter esfaqueado outro homem, em Câmara de Lobos, quando este lhe recusara emprestar dinheiro, começou ontem a ser julgado por um crime de homicídio na forma tentada, remetendo-se ao silêncio na primeira sessão.

O caso remonta à noite de 11 de fevereiro de 2022, ocorrendo na Praça da Autonomia, na baixa de Câmara de Lobos, junto à sede do município. De acordo com a acusação, terá sido já perto da meia-noite que o ofendido, um homem com cerca de 57 anos, foi abordado pelo arguido, que lhe pediu 20 euros e terá alegadamen­te tentado retirar o dinheiro do bolso da vítima. Confrontad­o com a recusa do ofendido, que disse que não tinha dinheiro, o arguido terá então retirado do seu bolso uma navalha que usou para esfaquear o abdómen do outro homem.

O ferimento foi de tal gravidade que o corte de sete centímetro­s terá mesmo deixado exposto o intestino da vítima. A ocorrência mobilizou os Bombeiros Voluntário­s de Câmara de Lobos, a Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária e a Equipa Médica de Intervençã­o Rápida.

Ontem, no Juízo Central Criminal do Tribunal Judicial da Comarca da Madeira, depois de ter sido lido o despacho de acusação redigido pelo Ministério Público, a juíza Teresa de Sousa, que preside ao coletivo que julga este processo, perguntou ao arguido se pretendia falar sobre o incidente, tendo este indicado que não pretendia prestar declaraçõe­s.

O tribunal ouviu então a vítima, que indicou já conhecer o arguido há quase 30 anos. Apesar de não serem particular­mente chegados, disse que falavam algumas vezes e que chegavam a beber juntos. Nessa noite, adiantou, seguia em direção a casa, ao telefone com a filha, quando passava na Praça da Autonomia.

Por estar embriagado, pediu-lhe que o fosse buscar àquele local e terá sido nessa altura, enquanto a filha se preparava para sair, que o homem foi abordado pelo arguido, que lhe pedia 20 euros emprestado­s, sendo que, a dada altura terá alegadamen­te metido a mão ao bolso das calças do ofendido. Sem querer dar o dinheiro, o homem respondeu que não tinha e disse-lhe que fosse embora, acrescenta­ndo que não tinha medo dele. Aí, alegou a vítima, virou costas ao

Ocorrência aconteceu já perto da meianoite do dia 11 de fevereiro de 2022 e mobilizou PSP, PJ, bombeiros e EMIR. O ferimento foi de tal gravidade que o corte de sete centímetro­s terá mesmo deixado exposto o intestino da vítima.

arguido e foi então agredido com uma arma branca.

Porém, tanto a defesa, como o Ministério Público e o coletivo de juízas notaram algumas contradiçõ­es no testemunho da vítima, nomeadamen­te em relação à ordem dos acontecime­ntos, à existência de troca de palavras entre os dois e à posição de ambos durante o momento do ataque.

Ainda durante o seu depoimento, e apesar de frisar que não esperava o que aconteceu e que está de relações cortadas com o arguido, a vítima disse ao tribunal que o perdoava pelo sucedido e que pretendia desistir da queixa. No entanto, o facto de o crime em causa ser de natureza

pública não permite efeitos práticos de desistênci­a da queixa.

Em seguida, o tribunal ouviu a filha do ofendido, que estava ao telemóvel com o pai quando se deu o incidente. Enquanto se preparava para ir buscá-lo, ouviu o que lhe pareceu ser a voz de um homem, seguindo-se o que assumiu ser um confronto físico, antes de cair a chamada.

Na audiência de ontem, o tribunal ouviu ainda um agente da PSP, uma especialis­ta de polícia científica que examinou o local, e a inspetora da Polícia Judiciária que se encontrava de prevenção e que primeirame­nte tomou conta do caso.

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Homem de 54 anos começou ontem a ser julgado, no Juízo Central Criminal.
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Agressão aconteceu na Praça da Autonomia, em Câmara de Lobos.

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