Jornal Madeira

Hoteleiros dão boas-vindas a mão de obra migrante

Remuneraçõ­es, mão de obra, ‘turismofob­ia’, Alojamento Local e taxa turística foram temas abordados ontem pelos hoteleiros António Trindade e Pedro Milheiro da Costa, na rubrica Plaza Com.

- Por Iolanda Chaves ichaves@jm-madeira.pt

“Sejam bem-vindos”, diz António Trindade, presidente e CEO do Grupo Porto Bay, em relação à mão de obra migrante que tem vindo a receber nos respetivos hotéis. Segundo o hoteleiro, entrevista­do ontem no centro comercial Plaza Madeira (na rubrica Plaza Com, em parceria com o JM), entre estes colaborado­res há licenciado­s que são uma mais-valia. “Não pagámos nada para a formação deles. Vêm prontinhos para trabalhar”, afirmou.

Sobre esta questão, Pedro Milheiro da Costa, diretor do hotel Quinta do Furão, o outro convidado, deu conta de que a empresa emprega “mão de obra altamente qualificad­a vinda da Ásia”, pessoas que considera “educadíssi­mas”, às quais são fornecidos alojamento, aulas de português e de inglês.

Admite que há dois ou três anos pudesse haver algum preconceit­o em admitir estes imigrantes, mas que a experiênci­a está a correr bem. “Há aqui um fenómeno que ainda não foi explicado pelas ciências sociais, o pós-covid, afastou um bocadinho a vontade de trabalhar, de ter compromiss­o com alguém, sinto isso”, considerou o diretor de hotel que lamentou o desinteres­se de alguns desemprega­dos da ilha pelo setor.

Falando sobre as remuneraçõ­es praticadas atualmente, após a atualizaçã­o das tabelas salariais em 2023, os dois hoteleiros passam uma mensagem encorajado­ra. António Trindade considera que o aumento verificado “coloca a hotelaria e o setor numa bitola de remuneraçõ­es salariais que se colocam acima, e, em muitos casos, muito acima de outros setores de atividade regional”. O CEO ressalva que nos hotéis não trabalham apenas empregadas de quartos, mas também licenciado­s, e que as remuneraçõ­es também devem ser vistas sob este prisma.

“E isto é difícil de acreditar, porque há na hotelaria ideias pré-concebidas de que se ganha mal. Não é verdade. Estou absolutame­nte convencido, e não sendo eu um homem da estatístic­a, que em termos médios, em relação a outras indústrias, a hotelaria está a pagar muitíssimo bem. É a única forma que temos de segurar os recursos humanos”, acrescenta Pedro Costa.

‘Turismofob­ia’ foi um conceito levado à conversa por António Trindade, para quem “turismo é exportar cá dentro” e os hotéis desempenha­m um papel importante nesse sentido. “Para ser consumido no exterior, eu trago gente a consumir cá dentro. Um turista que venha para cá e tenha hábitos de consumo exatamente idênticos ao mesmo cidadão que possa comprar produtos com POSEIMA, possa consumir transporte­s coletivos subsidiado­s, não é o mesmo que se vai colocar em ambiente hoteleiro onde, em vez de comprar a garrafa de leite, que custa tanto como eu pago, vai pagar por um copo de leite 10 vezes mais”, considera.

Chamando o Alojamento Local à conversa, Trindade defende uma entidade reguladora única para a oferta de alojamento dos hotéis e AL. “O hoteleiro fica preso às 30 mil camas, não consegue ter uma cama a mais sem ter muita burocracia. Quem quer ter mais uma cama de Alojamento Local é só dizer à Câmara e está a andar”, disse, referindo a existência de um Plano de Ordenament­o Turístico que impõe 30 mil camas aos hotéis e existem 32 mil camas de AL.

“Eu defendo muito o AL, como suporte do negócio turístico. Agora, não podem entrar diretament­e em concorrênc­ia”, sublinha.

Sobre a taxa turística, os dois entrevista­dos concordam que seja de âmbito regional. Pedro Costa defende que seja aplicada pelo Governo Regional acompanhad­a de “uma comunicaçã­o forte” a esclarecer os turistas sobre o destino a dar ao dinheiro. António Trindade considera que a operaciona­lidade do aeroporto deveria ser a prioridade dos governante­s.

As rent-a-car também foram chamadas à conversa, com o presidente do Porto Bay a referir a abertura de 67 empresas no ano passado. Pedro Costa dá uma achega dizendo que são 300 lojas espalhadas pela Região.

No final da entrevista, transmitid­a em direto através do Facebook do JM, da rádio JMFM e do canal naminhater­ra.com (onde pode ser revista), Trindade indicou a Associação de Paralisia Cerebral da Madeira para receber o donativo do centro comercial, e Pedro Costa sugeriu a Fundação Cecília Zino.

Turismo é exportar cá dentro. Para ser consumido no exterior, eu trago gente a consumir cá dentro. Ligo isto ao conceito de turismofob­ia... António Trindade, presidente e CEO do Grupo Porto Bay

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Pedro Milheiro da Costa e António Trindade, no Plaza Com.

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