Denúncias anónimas são nova normalidade
Miguel Albuquerque não faz ideia do que originou as buscas à Câmara do Porto Moniz e pede à população que saiba destrinçar o que é uma denúncia e o que é a culpabilidade de alguém.
Miguel Albuquerque alertou ontem para a nova normalidade em que se estão a tornar as denúncias anónimas, considerando que todos terão de aprender a conviver com isso, mas ressalvando que é necessário que a população tenha discernimento para fazer a destrinça, porque da denúncia anónima à culpabilidade vai uma enorme distância. As declarações do presidente do Governo Regional foram catalisadas pelas que terão acontecido na véspera à Câmara Municipal do Porto Moniz, com Albuquerque a constatar que “isso agora é recorrente”, e que vão passar a ser mais recorrentes”, pelo que “é bom que as pessoas se habituem”.
Contudo, de imediato, acrescentou que “é bom que as pessoas não se habituem a violar ou pensar que não existe estado de direito e que uma averiguação equivale a uma condenação, em que a abertura de uma instrução num processo criminal é o equivalente a uma condenação, ou que uma mera acusação num processo equivale a uma condenação transitada em julgado. São coisas e etapas completamente diferentes num processo”.
Quanto ao facto de a autarquia ter apontado o dedo a responsáveis do PRODERAM, por essas denúncias anónimas, não teceu grandes comentários adicionais: "não faz sentido, sei lá quem as fez…”.
Na ocasião, Albuquerque considerou, também, que não tem infligido a lei na sua ação governativa, face ao pré-momento eleitoral. O também líder do PSD, que ontem mesmo se reuniu com a delegação da CNE que está na Madeira, considerou que “não tenho feito nada de diferente”, afirmando que “a minha obrigação é continuar a acompanhar os atos do Governo”. Ora, no seu entendimento, “não tenho feito apelo ao voto, não tenho dito mal da oposição, portanto vou continuar a trabalhar que é a minha obrigação, porque o Governo não pode parar”.
O terceiro ponto do encontro com a comunicação social centrou-se na prorrogação da rota Madeira – Porto Santo à Binter, agora até 22 de setembro. “É inacreditável, cria incerteza e instabilidade”, apelando à “resolução, de uma vez por todas”. E do retângulo já não espera grande coisa: “enquadra-se na parlapatice geral da administração central. Nada anda. Eles estão há 50 anos para decidir um aeroporto e isto é bem um exemplo… imagine-se se a gente estava dependente dessa gente”.
Nota final para o lamento expresso pelo falecimento de Rui Nepomuceno. “Além de amigo pessoal, foi um grande advogado. Tive o gosto e a honra de trabalhar com ele, sobretudo em direito criminal. Era uma pessoa afável, generosa, que tinha os seus ideais, que nunca abdicou. Vou sentir muitas saudades de um homem de uma integridade absoluta e ultra culto”.