MAIS DO QUE PROVÁVEL
Sim, e faz parte sempre da minha rotina habitual de treino. Não dispenso. Para já, nunca é demasiado tarde para começar, sem dúvida alguma. É o que dizemos em aviação: a única coisa supér
Em 2016, João Paulo Rodrigues era uma improvável capa para Men’s Health. E contrariámos isso ao desafiá-lo. Há quatro anos, provámos que somos a nossa maior força e João Paulo é hoje o exemplo que temos de seguir. E, por ter sido uma das capas mais impactantes, convidámo-lo para protagonizar a edição dos nossos 19 anos. Um homem Men’s Health quando muda é para a vida. E improvável é acreditar no contrário.
JOÃO PAULO RODRIGUES
Foi o protagonista em 2016 de uma das capas mais marcantes nestes 19 anos de vida da Men’s Health em Portugal. Quatro anos depois, agora com 41 anos, prova que os resultados são fruto do esforço e da capacidade de organização. Essa é, na verdade, a chave do seu sucesso - e devíamos todos pensar mais nisso e aplicar no nosso dia-a-dia. Organizar prioridades e manter o bem-estar físico, mental e emocional no centro das atenções diárias, tão simples quanto isto, tão eficaz quanto podemos imaginar. Há tempo para tudo e a agenda caótica de comediante, ator, apresentador, cantor e estudante não deixa quaisquer sinais de dúvidas de que é possível transformar o corpo, manter um estilo de vida saudável e ser um homem Men’s Health para sempre.
Em conversa connosco, dias antes da sessão fotográfica para a capa que celebra o 19º aniversário da Men’s Health em Portugal, João Paulo Rodrigues revelou como era antes de o desafiarmos a mudar em 2016, o que alcançou nesses oito meses de transformação, como se manteve em forma passados quatro anos e como teve de fazer escolhas pelo seu bem-estar. E mais: como se sente sendo um exemplo para os outros. “Se houver alguém que acha que o meu exemplo é para ser seguido, já ganhei o dia”.
// JÁ PASSARAM QUASE QUATRO ANOS DESDE A PRIMEIRA CAPA. COMO ERA O JOÃO PAULO DA ALTURA E COMO É O JOÃO PAULO DE AGORA?
Ganhei uma outra forma de estar, mesmo até no que como, no que bebo, sem dúvida alguma que sou agora uma pessoa mais regrada. Também tenho os meus estragos, as minhas tainadas com amigos, mas agora faço-o com mais contenção. Procuro comer bem mas de forma saudável, e isso dá energia. O facto de nos preocuparmos e de queremos saber o que nos faz bem ou mal, o que devemos ou não comer e porque é que não devemos comer, põe-nos a pensar mais à frente e a olhar para o nosso corpo de forma diferente. Leva-nos a perceber que se calhar não podemos comer aquilo porque nos faz mal. Acabamos por ir aprendendo.
// E QUE DIFERENÇAS NOTA PARA LÁ DA MUDANÇA FÍSICA?
Estou com mais energia, sinto-me com muito mais pica para certas coisas do dia-a-dia, para não falar nos benefícios diretos de fazer exercício físico, aquela boa disposição. Isso é bom porque nos dá mais tempo de vida, mais qualidade de vida, e isso nota-se. O facto de beber mais água, e eu nunca fui de beber água, nota-se na minha pele, na minha performance intelectual. Tudo isto é um todo. Não podemos olhar só para as partes, não podemos dizer ‘vou só treinar porque estou gordo’, isso está longe da verdade e é a coisa mais estapafúrdia do mundo, porque em todo o processo o ginásio é, diria, apenas 20% a 30% do resultado final. Sem dúvida que os 70% a 80% é o trabalho fora do ginásio, é o comer bem, o dormir, que é tão importante que as pessoas não têm noção. Só o facto de nos obrigarmos a descansar e a dormir ajuda a que recuperemos melhor, o nosso cérebro funcione melhor, libertamos o que é preciso para ter um corpo saudável.
// O DESAFIO PROPOSTO PELA MEN’S HEALTH HÁ QUATRO ANOS FOI QUASE COMO UM RESET AO SEU ESTILO DE VIDA...
Sim. Ganhei novos hábitos e são hábitos que mantenho. Obviamente que para ter um corpo de capa é preciso um foco ainda mais cirúrgico, é diferente. Na altura deste convite não estava como estava na capa [em 2016], todo traçadinho. É preciso um foco diferente, compromisso com um objetivo. E o objetivo foi fazer a capa e para isso é preciso comer muito bem, é preciso treinar muito, é preciso dormir muito, não é uma coisa que eu mantenha no meu dia-a-dia normal, mas é possível. Há quem diga que os hábitos demoram 21 dias a instalar-se.
// E TEVE ESSES 21 DIAS PARA VOLTAR AOS HÁBITOS DE CAPA?
O Pedro Lucas deu-me menos de um mês para fazer esta capa. Menos de um mês! Para já, chamei-o de maluco [risos]. Eu achava que não estava bem, ele achava que sim. [O convite] obrigou-me a treinos bidiários. Tive de deixar de fazer outras coisas, porque, lá está, é o tal compromisso com um objetivo e isso implicava que fizesse de manhã treinos cardio e de combate com o Mário Sá, o meu treinador, e treinos de ferro à noite, às vezes até à meia-noite, com o meu personal trainer, o Pedro Medeiros. Durante um mês foi assim, todos os dias de manhã e à noite, com trabalho pelo meio, filhos, projetos e tudo. Não é fácil, mas faz-se.
// FEZ-SE AGORA E FEZ-SE HÁ QUATRO ANOS. QUE MEMÓRIA TEM DO PROCESSO PARA A PRIMEIRA CAPA?
Foi um processo difícil, principalmente a parte alimentar. Foram alguns meses de restrição e contenção alimentar, tal como agora. E isso é sempre difícil, socialmente é mais complicado gerir e explicar às pessoas porque é que não estamos a comer o que eles estão a comer, porque é que não estamos a beber álcool, porque é que não estamos a fazer aquilo que o grupo acha
“SE TODOS CRIÁSSEMOS A NOSSA EQUAÇÃO PARA A FELICIDADE, VIVÍAMOS MAIS TEMPO E COM MAIS QUALIDADE, SEM DÚVIDA ALGUMA”.
que devemos fazer, por isso é sempre mais difícil. E o que é que acontece? Acontece que de tanto ouvirmos ‘estás mais magro’ ou ‘não comes’ nós começamos a isolar-nos um bocadinho, porque a energia do outro que não percebe o que estamos a fazer ou não consegue fazer o que estamos a fazer acaba por abalar um bocadinho a força de vontade.
// DESTA VEZ, FOI IGUAL OU MAIS FÁCIL?
Foi um bocadinho mais fácil, mas também tive de me chatear num restaurante, acontece muitas vezes, porque as pessoas não percebem porque é que estou a comer pouquinho, porque é que não quero que ponham sumo de limão num bife de peru. Se nós saímos do convencional, do rebanho, as pessoas não aceitam. É estranho e engraçado ao mesmo tempo.
// IMAGINOU ALGUM DIA SER PRATICANTE REGULAR DE FITNESS COMO É AGORA?
Sempre pratiquei desporto desde miúdo, pratiquei artes marciais durante muitos anos. Isto do exercício não é, na verdade, uma novidade, mas desde que comecei esta aventura com a Men’s Health, provavelmente levei as coisas mais a sério. Estava fisicamente bem e se gostava ou não do que via ao espelho era algo que não era muito importante para mim, mas desde que comecei a treinar para ser capa da Men’s Health comecei a gostar dos resultados e é sempre motivador querermos um bocadinho mais.
// APESAR DO EXERCÍCIO FÍSICO NÃO SER UMA NOVIDADE, LEMBRA-SE DA REAÇÃO QUE TEVE QUANDO SOUBE O QUE O ESPERAVA PARA A PRIMEIRA CAPA?
Nunca tivemos um plano de treino em si, foi um plano que eu e o Pedro Medeiros fizemos mediante a minha disponibilidade e a dele, foi uma coisa que fomos fazendo ao longo de oito meses. Foi tudo muito orgânico entre os dois. Nos primeiros três meses treinava normalmente, mas a partir de janeiro de 2016 comecei uma dieta rigorosíssima e até maio, quando fui fotografado, treinei duas horas por dia todos os dias. Não houve um plano de treino formal, eu sabia que era um compromisso sério e que era uma coisa difícil. Mas fomos definindo tudo passo a passo. Decidi a 1 de janeiro de 2016 que ia começar a minha dieta, e assim foi, até dia 7 de maio, quando tirei as fotos, não toquei numa pinga de álcool e não comi mal. Quando fiz a capa tinha 65 quilos, tinha a massa gorda equivalente à de um atleta de alta competição, estava seco, seco, seco.
// ENQUANTO ARTISTA, E UMA VEZ QUE NÃO HÁ HORÁRIOS CERTOS, COMO CONSEGUE INCLUIR OS TREINOS NA SUA ROTINA, ESPECIALMENTE AGORA QUE SÃO DOIS POR DIA?
É como lhe digo, é fazer uma boa gestão daquilo que tenho e preciso de fazer. Quando o Pedro Lucas me deu 27 dias para preparar esta capa, tive de gerir aquilo que era ou não prioritário. O que não era prioritário ficou temporariamente a aguardar, já aquilo que era prioritário, como as gravações da novela, a gravação do meu disco, os espetáculos ao fim de semana, o estar com as minhas filhas, o estar com os meus amigos, o curso que estou a fazer [de piloto privado] e os treinos, teve de ser organizado. Os treinos foram organizados com os meus treinadores, por exemplo, houve
“SE HOUVER ALGUÉM QUE ACHA QUE O MEU EXEMPLO DEVE SER SEGUIDO, JÁ GANHEI O DIA”.
um dia em que fui treinar às 8h da manhã a parte cardio, depois fui voar, depois fui gravar a novela durante a tarde, depois das 22h à meia-noite fui treinar ferro com o Pedro Medeiros no StillFit, em Alverca. Isto foi um dia típico durante este mês. Outros dias arranjava forma de ir jantar com as minhas filhas e treinar depois. Houve ainda alturas em que fui estudar à noite. Ao fim de semana, se tinha um treino das 16h às 18h, treinava, tomava um banho e arrancava para um espetáculo. No dia seguinte, voltava porque tinha voos de manhã e treinos à tarde. Aquilo que tinha mesmo de fazer, que tinha hora para começar e terminar, era automaticamente marcado na agenda, depois tentava inserir os treinos sempre e quando podia. E posso dizer que treinei duas vezes por dia quase todos os dias, falhei muito poucos dias.
// E A NÍVEL DE DESCANSO, TEM ALGUMA ESTRATÉGIA PARA CHEGAR A CASA E DESLIGAR?
É difícil. Especialmente nos tempos que estamos a viver agora, é muito difícil chegarmos a casa e desligar de tudo o que está a acontecer à nossa volta. Por norma, faço o meu jantar ou janto com as minhas filhas, vejo um pouco de televisão, descontraio um bocadinho. Quando chego à cama aterro, mas agora faço uma coisa que há quatro anos não fazia, que é descansar mais. Quando me preparei para a primeira capa tinha um programa diário em que tinha de estar no estúdio às 7h30, agora como não tenho consigo descansar um pouco mais, como ajuda.
// EM QUE CONSISTIRAM OS TREINOS NESTE MÊS DE PREPARAÇÃO PARA A CAPA?
O meu treinador Mário Sá, que é o meu treinador de combate, focou muito o treino na parte cardiovascular, de queima de gordura e aumento de resistência. Fiz muito trabalho de abdominal e lombar. Depois tive a parte de ferro com o Pedro Medeiros, que foi construir músculo. Já não fazia treino de ferro há algum tempo.
// AS ARTES MARCIAIS FIZERAM PARTE DESTA ROTINA DE TREINO? // A NÍVEL DE ALIMENTAÇÃO, DISSE QUE FEZ UMA DIETA BASTANTE RESTRITIVA NA PRIMEIRA CAPA. E PARA ESTA, COMO FOI A SUA ROTINA ALIMENTAR?
Comi limpinho, limpinho, limpinho. Não bebi vinho e comi bem, tomei sempre um bom pequeno-almoço. Claro que baixei um pouco o total calórico diário para poder fazer uma queima de gordura e secar um pouco mais, mas basicamente mantive a mesma alimentação que aprendi a fazer há quatro anos. Na prática, foi comer limpinho, comer grelhados, carnes brancas, muito peixe e legumes, cortar um bocadinho nos hidratos de carbono especialmente à noite nos primeiros 15 dias. Eu já estava desde janeiro a comer bem outra vez.
// HÁ POUCO FALAVA DA CAPACIDADE DE INCLUIR OS TREINOS E O QUE IMPORTA NA SUA ROTINA. O QUE DIZ A QUEM DÁ A DESCULPA DE QUE NÃO TEM TEMPO?
Às pessoas que arranjam desculpas para não treinar digo-lhes que é sempre possível arranjarmos um bocadinho de tempo para tornarmos a nossa vida e a nossa saúde muito melhores. Nem que se treine às sete da manhã. Havia um slogan há uns anos que dizia “faça yoga antes que precise” e eu digo o mesmo: façam desporto antes que precisem, mudem a vida e o estilo de vida antes que precisem mesmo, porque depois é tarde, e quando os problemas de coração, respiratórios e de ossos começam a aparecer já é complicado começar. Se pensarmos que somos praticamente tudo aquilo que comemos, já devíamos estar aqui alerta. Somos mesmo o que comemos. E, para os homens acima dos 40 anos, fazer um bom treino de ferro ajuda a melhorar a estrutura muscular e óssea. Isso vai dar-nos uma velhice muito mais saudável, como muito mais qualidade de vida, como muito mais força nas pernas e nos braços do que se não fizermos nada, se passarmos uma vida a trabalhar e nos reformarmos e ficamos ali, à espera de que as doenças apareçam.
// QUE CONSELHOS O JOÃO PAULO DÁ AOS PORTUGUESES QUE DIZEM QUE JÁ É DEMASIADO TARDE PARA COMEÇAR?
“Ele mudou!”. Foi assim que a Men’s Health deu a conhecer a transformação de João Paulo Rodrigues.