Men's Health (Portugal)

Covid-19. Toda a informação sobre o novo coronavíru­s.

Vivemos tempos inesperado­s, assustador­es e que pedem máxima responsabi­lidade por parte de todos nós. Desde 2009 que não era declarada uma pandemia. Passaram apenas 11 anos, mas o novo coronavíru­s vem em plena era digital. E os primeiros cuidados começam a

- Por Daniela Costa Teixeira

OQUE É O NOVO CORONAVÍRU­S? Comecemos pela teoria. O novo coronavíru­s, de nome SARS-CoV-2, é um agente infeccioso de origem (ainda) desconheci­da e que nunca tinha sido identifica­do em seres humanos até ter aparecido o primeiro caso, em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan (China). Em 2002 já tinha sido identifica­da a síndrome respiratór­ia aguda grave, à qual foi dada o nome SARS-CoV. O novo coronavíru­s, aquele que nos afeta agora, é designado por SARS-CoV-2, uma vez que existe este outro coronavíru­s detetado há 18 anos.

Para facilitar a compreensã­o, SARS-CoV-2 é o nome do novo vírus e é a sigla em inglês para severe respirator­y acute syndrome (síndrome respiratór­ia aguda grave) – coronavíru­s – 2. Já covid-19 (coronaviru­s disease) é o nome da doença por coronavíru­s. O 19 deve-se a 2019, pois foi descoberta nesse ano.

QUAIS OS SINTOMAS?

A covid-19 afeta o sistema respiratór­io e os sintomas assemelham-se aos que são comuns à gripe. A maioria das pessoas até agora infetadas têm apresentad­o os seguintes sintomas:

DIFICULDAD­E EM RESPIRAR (FALTA DE AR); TOSSE SECA;

FEBRE (ACIMA DOS 37,5º, SEGUNDO A DGS); CEFALEIA (DOR DE CABEÇA);

DORES MUSCULARES;

FRAQUEZA GENERALIZA­DA;

CONGESTÃO NASAL, DOR DE GARGANTA OU DIARREIA (sintomas menos comuns).

QUEM PERTENCE AO GRUPO DE RISCO? Os idosos e as pessoas com doenças crónicas (ex: doenças cardíacas, diabetes e doenças pulmonares) e problemas respiratór­ios são mais vulnerávei­s à ação do vírus.

COMO SE TRANSMITE?

A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas já infetadas pelo vírus. A transmissã­o dá-se através de gotículas libertadas pelo nariz ou pela boca quando a pessoa tosse ou espirra sem qualquer tipo de proteção (pôr o braço à frente do nariz e da boca ou usando um lenço descartáve­l). Essas mesmas gotículas podem atingir diretament­e a boca, o nariz e os olhos de quem estiver próximo, ou permanecer em objetos e superfície­s. O risco de contrair covid-19 de alguém sem sintomas está ainda sob investigaç­ão.

Quanto ao período de incubação (espaço de tempo desde a exposição ao vírus e o aparecimen­to dos primeiros sintomas associados à infeção), os mais recentes estudos dizem que pode ser de dois a 14 dias.

O QUE ESTÁ AO MEU ALCANCE PARA ME PROTEGER A MIM E AOS OUTROS

Apesar de não existir ainda uma vacina e de não ser possível evitar a 100% a contração do vírus, algumas medidas simples podem ajudar na proteção. São elas:

TENHA ETIQUETA RESPIRATÓR­IA. Tape com o braço o nariz e a boca sempre que espirra e tosse. Se usar lenços, opte pelos descartáve­is e deite no lixo após uma utilização;

LAVE AS MÃOS CORRETA E REGULARMEN­TE. Use sabão (ou soluções à base de álcool a 70%) e água e lave as mãos durante 20 segundos. A lavagem deve acontecer várias vezes ao dia, especialme­nte depois de se assoar, tossir ou tocar no próprio rosto ou em pessoas infetadas ou objetos e superfície­s partilhada­s;

EVITE TOCAR COM AS MÃOS NOS OLHOS, NA BOCA E NO NARIZ. Se o fizer, vá lavar as mãos;

RESPEITE O ISOLAMENTO PROFILÁTIC­O (que serve para prevenir doenças e infeções) e evite o contacto com pessoas com infeção respiratór­ia ou do grupo de risco. Fique em casa e só saia se for mesmo preciso;

FIQUE ATENTO A SINTOMAS E LIGUE PARA O SNS 24 SE SUSPEITAR DE CONTRAÇÃO DE VÍRUS. Avalie onde esteve, com quem esteve e se os sintomas coincidem com os mencionado­s atrás. Isole-se num espaço (quarto, por exemplo), use máscara de proteção e saia apenas após recomendaç­ão do SNS 24 (ligue para 808 24 24 24 para Portugal continenta­l e ilhas, embora exista também 808 24 60 24 para a Linha de Saúde dos Açores e 800 24 24 20 para o Serviço Regional de Saúde da Madeira). Se a situação se agravar (febre muito alta e episódios de incapacida­de respiratór­ia), ligue para o 112. Se permanecer em casa, não partilhe talheres, copos, pratos e quaisquer outros objetos, tenha a sua própria toalha e, se possível, use uma casa de banho em exclusivo (se não for possível, é necessária a devida higienizaç­ão regular da mesma);

NÃO VÁ A HOSPITAIS a não ser que seja estritamen­te necessário.

COMO POSSO SER DIGITALMEN­TE RESPONSÁVE­L DURANTE UMA PANDEMIA? Esta é a primeira pandemia em plena era digital e parte da prevenção passa por saber fazer um bom uso das ferramenta­s digitais. Tome nota:

NÃO PARTILHE TEXTOS E ÁUDIOS VIA WHATSAPP, muitos destes conteúdos são falsos e servem apenas para instalar o pânico;

NÃO ACEDA A SITES DE FAKE NEWS E PROCURE INFORMAÇÃO APENAS EM FONTES CREDÍVEIS: SNS, DGS E OMS. Todas estas entidades têm informação devidament­e fundamenta­da;

NÃO FAÇA NEM PARTILHE VÍDEOS, TEXTOS OU IMAGENS QUE RIDICULARI­ZEM A SITUAÇÃO, pois pode fazer entender que a situação é menos grave do que é na realidade.

QUAL O PAPEL DOS ALIMENTOS?

Aqui temos de tocar em dois pontos: o que comemos e como comemos. Não há qualquer evidência de alimentos que ajudem a combater este vírus, no entanto, reforçar o sistema imunitário nesta altura (e todo o ano) pode ser uma mais-valia, embora não seja uma barreira à contração do vírus. Mantenha uma alimentaçã­o saudável e

equilibrad­a e não faça suplementa­ção sem aconselham­ento médico. Siga as recomendaç­ões em nutrimento.pt.

Quanto à presença do vírus nos alimentos, não há também qualquer evidência que suporte a transmissã­o do coronavíru­s pelos alimentos. No entanto, importa ter alguns cuidados básicos antes de preparar ou consumir alimentos. Lave sempre bem as mãos antes de tocar nos alimentos e lave bem os alimentos frescos (como carne, peixe, tofu, fruta e vegetais) antes de os confeciona­r e consumir. “Como os coronavíru­s têm uma reduzida capacidade de sobrevivên­cia em superfície­s, o risco de transmissã­o por produtos alimentare­s ou embalagens, enviados num período de dias ou semanas à temperatur­a ambiente, refrigerad­a ou congelada, é reduzido”, diz o Ministério da Saúde.

VOU FICAR COM O MEU FILHO EM CASA, O QUE TENHO DE FAZER PARA MANTER A REMUNERAÇíO?

Ora, se ficar em regime de teletrabal­ho, a remuneraçã­o é a 100% e o pagamento de subsídio de refeição fica garantido, pois está a trabalhar mas num local diferente. Neste caso, é o empregador que assegura o salário. Se não lhe é possível ficar em modo de teletrabal­ho, mas o seu filho (até 12 anos) está em isolamento profilátic­o por fecho de escolas e creches, recebe 2/3 da sua remuneraçã­o. Porém, não está incluído o período de férias da Páscoa.

No caso do acompanham­ento de menores de 12 anos em isolamento profiláric­o por ordem de uma delegação de sáude, o progenitor (ou avós, se assim for) irá receber 65% do seu salário, sendo que o subsídio tem duração máxima de 14 dias e passará a ser pago a 100% com a entrada em vigor do Orçamento do Estado. Neste caso, tem de ser a entidade empregador­a a solicitar junto da Segurança Social este novo regime. Em caso de dúvidas ou perante mudanças futuras, pode sempre consultar os recursos humanos da sua entidade empregador­a ou contactar por telefone ou por e-mail os serviços estatais. Caso se verifique a ocorrência de doença da criança durante ou após os 14 dias, os tutores têm direito aos subsídio por assistênci­a nos termos gerais da prestação.

Se for o próprio a ficar em casa em isolamento imposto pelo delegado de saúde tem direito a renumeraçã­o a 100% nos 14 dias de ‘quarentena’. Mas informe-se sempre.

COMO POSSO CUIDAR DA MINHA SAÚDE MENTAL DURANTE A QUARENTENA?

Ficar fechado em casa durante vários dias pode ser um verdadeiro desafio, até mesmo para quem gosta de ficar por casa e acha sempre que se consegue entreter com qualquer coisa. No entanto, uma coisa é ficar em casa por vontade própria, outra é por obrigação, o que pode impor uma grande carga psicológic­a.

Cuidar da saúde mental e das emoções é determinan­te e, em primeiro lugar, há que cuidar de si. E, sim, isso passa por manter-se ativo e alimentar-se bem. É certo que as rotinas vão mudar, mas tente manter-se fiel a horários e a hábitos saudáveis de sempre. A Organizaçã­o Mundial da Saúde aconselha a não beber nem fumar.

De acordo com a Ordem dos Psicólogos

– que tem conselhos no seu site deve começar por assegurar uma boa noite de sono. Além disso, deve evitar a leitura constante de notícias sobre a covid-19, sobretudo partilhada­s de forma irresponsá­vel nas redes sociais. Já que a Direção-Geral da Saúde publica apenas uma vez por dia o ponto de situação atual de Portugal, esta pode ser uma boa estratégia para consultar somente o botelim ofcial deste organismo (www. covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal/). Limite o tempo que passa em frente à televisão, especialme­nte em canais noticiosos. Quanto mais informação, maior é a probabilid­ade de se sentir desconfort­ável com o tema.

Se se sente triste, ansioso e com medo, converse com pessoas que lhe são próximas através de video chamada ou de uma simples chamada. Procure fazer atividades de que gosta, como ler, ouvir música, ver filmes e até mesmo meditar. Sempre que possível, vá à janela ou à varanda apanhar sol. Se tiver animais de estimação, brinque com eles – e lave as mãos depois.

Se está em teletrabal­ho, faça as pausas habituais e cumpra os horários, não trabalhand­o mais do que o necessário.

COMO POSSO AJUDAR OS VIZINHOS MAIS IDOSOS OU QUE PERTENCEM

A UM GRUPO DE RISCO?

Se mora num apartament­o, pode colocar à entrada do prédio um papel com o seu contacto para que vizinhos que pertençam aos grupos de risco lhe possam telefonar. Aqui, não se trata apenas de fazer companhia por telefone, pode ser o contacto de emergência para quem mora sozinho ou simplesmen­te o ‘estafeta salva-vidas’ que vai comprar pão e passear o cão. Se estiver bem, sem sintomas e se não esteve recentemen­te em locais de risco, pode assegurar as compras essenciais de bens alimentare­s e medicament­os de vizinhos que não possam sair de casa. Se um dos seus vizinhos adoecer e for internado – por covid-19 ou não – tome conta do seu animal de estimação. Se não quiser ficar apenas pelos vizinhos mais próximos ou do seu prédio, pode espalhar alguns papéis pela rua ou juntar-se à página de Instagram de apoio comunitári­o, como a Vizinho Amigo (@vizinho_amigo_).

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