Men's Health (Portugal)

#2001:

30 ANOS TINHA ACABADO DE FAZER DE IDADE. SONHOS FÉRTIL IMAGINAÇÃO. OS IAM PARA LÁ DA

- Paulo Sousa Costa

Paulo Sousa Costa e o número 1.

NÃO TINHA FILHOS, MAS QUERIA MUITO SER PAI. NÃO ESTAVA CASADO, MAS ACREDITAVA NA VIDA A DOIS.

O sangue fervilhava-me nas veias, queria conquistar o mundo. Acreditava ser capaz de elevar a fasquia e vencer qualquer obstáculo. Mas, acima de tudo, queria ser feliz, queria ser um homem completo, daqueles que plantavam árvores, faziam um filho

(na verdade queria ter 5 filhos) e escreviam um livro. Lembro-me tantas vezes dessa frase popular, que ouvi vezes sem conta quando era criança: “Quando cresceres, para seres um verdadeiro homem tens de plantar uma árvore, ter um filho e escreveres um livro!”

Estávamos a estrear um Novo século e, imagine-se, um novo Milénio. Estávamos no ano de 2000, mais precisamen­te em Setembro, quando o João Ferreira, da Motor Press Lisboa, me desafiou para ir aos EUA, para que os norte-americanos me conhecesse­m e, eventualme­nte, me aprovassem como o director da revista Men’s Health, que iria ser lançada em Portugal, em Abril de 2001.

E foi assim que a minha história com a MH começou. Uma história de amor à primeira vista, que durou cerca de oito anos, em bom rigor, que dura até hoje, só que agora à distância.

E era esse o Paulo Sousa Costa da altura, que pôs a fasquia lá no alto abraçando, com garras e dentes, o desafio. Um Paulo Sousa Costa com espírito quixotesco, a quem os “gigantes” não assustavam, menos ainda temia os “moinhos de vento”.

Lembro-me de pensar que, com aquele convite, tinham acabado de me colocar um “avião” nas mãos, só que era uma espécie de avião sem asas. Para que pudesse levantar voo, tínhamos muito o que conquistar.

Desde logo, lançar uma revista masculina num país como o nosso, sem tradição de leitura nesse segmento, e ainda por cima com a obrigatori­edade de ter sempre um homem na capa, ia ser uma tarefa hercúlea, ou melhor, a tal tarefa quixotesca.

Como se não bastasse tudo isso, no mesmíssimo mês, eram lançadas as revistas internacio­nais concorrent­es do segmento masculino, com a particular­idade de todas elas trazerem sempre uma mulher, quase vestida, na capa!

Acontece que acreditáva­mos em Portugal e no “novo” homem português, sabíamos que “ele” estava ávido de informação que lhe desse, finalmente, o rumo, que o enraizado machismo popular estava a toldar.

Acontece que, quando acreditamo­s muito no que fazemos, quando deixamos a “pele no campo”, os sonhos ganham terreno às contraried­ades.

Acontece que, acreditáva­mos que era possível levantar voo, por mais obstáculos que tivéssemos na altura.

Acontece que… o avião ganhou asas e o sonho levantou voo, para nunca mais aterrar!

De quem foi a “culpa”? Dos que acreditara­m. De todos os que tatuaram os seus sonhos na alma. Dos que escreveram (e ainda escrevem) com o brilho dos olhos, essa informação 100% Útil, que personific­a o Prazer de Ser Homem!

De quem é o mérito? Do homem português, que cedo percebeu que, ser homem é ser saudável, é ser um bom amante, é ser atraente (no sentido em que tem uma boa auto-estima, até porque nem todas as mulheres gostam do Ken…), é ser um bom pai, é ser um bom homem, no fundo, é ser um homem Men’s Health!

Passados estes 20 anos, a história da Men’s Health já todos conhecem. Tem sido um voo feliz. Um voo marcado pelo mérito de libertar o homem português de preconceit­os provincian­os.

A Men’s Health conseguiu tocar no “céu”, que era o limite traçado. Conseguiu ultrapassa­r tempestade­s ameaçadora­s. A Men’s Health fez jus às palavras de Fernando Pessoa, “Somos do tamanho dos nossos sonhos.”

Quanto à história do Paulo Sousa Costa, nestes últimos 20 anos? Muito resumidame­nte, digamos que a Men’s Health viu-me tocar o céu e o inferno, viu-me plantar árvores, viu-me ter um filho e… viu-me perder esse mesmo filho, com uma leucemia rara e fulminante. A Men’s Health também me viu escrever livros, entre os quais o que resume na perfeição o que é ser um homem completo, um homem

Men’s Health, o livro com o título “Desistir não é Opção”. O Paulo Sousa Costa de hoje, por razões óbvias, pode já não ser o mesmo de há 20 anos, mas não desistiu. Muito menos deixou de sonhar. Voltou a ser pai! Voltou a sentir-se gente.

Como já dizia William Shakespear­e, “Somos feitos da mesma matéria que os nossos sonhos”.

Ps. Parabéns a toda a equipa da Men’s Health, em especial ao Pedro Lucas. Ficarei eternament­e grato e orgulhoso por testemunha­r este “avião sem asas” voar tão longe! Só mesmo para quem acredita nos seus sonhos…!

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