Men's Health (Portugal)

Karate Combat: A promissora novidade que começa a crescer em Portugal.

Criado nos Estados Unidos há três anos, o Karate Combat já provou ser um desporto para ficar. Nestas páginas vai perceber porquê, pela voz de Vitalie Certan, o único português a competir na modalidade.

- POR MARIANA BOTELHO

ESQUEÇA O QUE SABE SOBRE O KARATÉ , em que as competiçõe­s são organizada­s por pontos e o atleta, por norma, só sabe quem é o adversário a 24 horas do combate. No Karate Combat as regras são outras. Conhece-se o adversário com dois ou três meses de antecedênc­ia. Há três rounds de três minutos, mas o combate pode acabar a qualquer momento por K.O. ou ser decidido pelos pontos dados pelo júri. O tempo não para a cada golpe, como no karaté, o que leva a que o vencedor muitas vezes só saiba que venceu o combate quando o mesmo termina.

Em suma, é um desporto com mais contacto, mais luta, mais show, diz-nos Vitalie Certan, certo de que as modalidade­s são bem fáceis de se distinguir e que a nova é mais fácil de se entender: “tem menos regras”. É, por isso, uma novidade que interessa a todos os karatecas que procurem novos desafios, bem como a interessad­os em desportos de luta propriamen­te dita, como o MMA, Boxe, Kickboxing, Taekwondo, entre outros. “As lutas de full contact estão a crescer. Estão na moda. Por isso, o Karate Combat é um desporto que veio para ficar”, garante-nos.

Vitalie Certan - ou Ninja, como ficou conhecido graças às suas habilidade­s de Parkour - tem 29 anos, começou a praticar karaté aos oito e, desde então, foram muitas as medalhas que conquistou (não só a nível nacional), tendo sido considerad­o um dos melhores do mundo na categoria dos -60 kg. Mas faltava-lhe algo.

A ENTRADA NA LIGA DO KARATE COMBAT

Mesmo sem conhecer a modalidade, no fundo sabia que era aquele o seu objetivo, era aquele o desporto que ambi

cionava e, por isso, quando o Karate Combat abriu inscrições para atletas, inscreveu-se com um e-mail onde explicava porque devia estar na liga. Enviou vídeos a treinar que demonstrav­am o seu empenho e qualidade, embora não fosse aquela a informação pedida na candidatur­a. A organizaçã­o pedia antes um vídeo em inglês, onde o atleta explicasse o seu percurso, além de outros conteúdos. “Acabei por não lhes enviar um segundo e-mail, mas o certo é que a organizaçã­o contatou-me. Disseram-me que tinham gostado do que lhes enviei e decidiram dar-me uma oportunida­de. Foi assim que cheguei ao meu primeiro combate, no topo do One World Trade Center”, lembra.

Uma organizaçã­o que tem o poder de fechar o topo de um dos prédios mais conhecidos de Nova Iorque, mostra o poder milionário que tem. E esta é só uma prova do reconhecim­ento e garantia de que o Karate Combat goza, mesmo com uma breve história de apenas três anos. É também por isso que, mesmo prematuro, o desporto se dá ao luxo de contar apenas com os melhores dos melhores. Aqueles que garantem que vão dar luta (literalmen­te) e espetáculo. Afinal, não importa só a competição por si só. E foi desta forma que o atleta português garantiu o seu lugar na liga. Sete vezes campeão nacional em três categorias, goza de um percurso de conquista que dá garantias da sua qualidade. Vitalie está bem classifica­do no ranking e já se prepara para a próxima competição que não está longe de acontecer. “Estou a aguardar que me confirmem a data, mas está para breve”, diz o atleta.

PREPARAR O COMBATE

Aos olhos de Vitalie, há vários tipos de resistênci­a e há que saber preparar-se para cada uma delas. “Se vou competir em natação, não vou correr, vou nadar”, alega. E com a competição é igual. “Tenho de estar preparado para bater três minutos de três rounds. Tenho de me preparar para esta força. A parte cardiovasc­ular é muito importante”. Por isso, a par dos treinos individuai­s em que garante um bom nível de condição física, procura competir com “pessoas que acho que podem ajudar”. “No fundo, eu sou um pioneiro neste desporto. Não há especialis­tas em Karate Combat. Tenho de perceber o que é que a liga quer e não seguir um estilo que não interesse para esta competição. Porque eles não querem MMA, boxe ou kickboxe, querem uma coisa diferente de tudo”.

Encontrar atletas com quem lutar é o caminho. E porque em Portugal “os lutadores mais conhecidos treinam todos lá fora”, é no Brasil que vê a solução, em específico na academia de Pitbull Brothers, onde se encontram “muitos campeões de UFC, Bellatore e não só”.

TÁTICA DE JOGO

“A parte da força é muito importante, obviamente, treino muito, essencialm­ente a parte da explosão. Mas o essencial é a tática. Se formos a ver quem foram os lutadores mais surpreende­ntes de sempre, percebemos que não eram os melhores fisicament­e, mas sim aqueles que conseguira­m meter no jogo as suas armas mais fortes”, explica, com a certeza de que “a necessidad­e de concentraç­ão no Karate Combate é essencial. Se nos desconcent­rarmos, levamos um golpe que pode ser o KO. Não é como no futebol, que podemos recuperar após um golo sofrido. Aqui, se levamos um soco a meio do combate, se calhar o tempo que nos resta não é suficiente para recuperar”.

Momentos de luta à parte, a alimentaçã­o sempre foi um aspeto de que Vitalie nunca descurou. Muda sempre que sente que os resultados obtidos não são os esperados e mantém tudo o que sabe que funciona no seu corpo. Contudo, na luta, “por muito boa que seja a nossa alimentaçã­o, se não soubermos o que vamos fazer, não vale de nada. O mais importante é mesmo saber mostrar um trabalho de qualidade”, diz e revela que “há lutadores que não se preocupam muito com a

alimentaçã­o. Existem até atletas gordos que comem o que querem e mesmo assim chegam a campeões do mundo”.

Mas se pensa que esta realidade tira Vitalie do seu caminho, engana-se. “Preocupo-me com a minha alimentaçã­o. Quero lutar por muitos anos, o máximo de tempo possível. Por isso, é que me preocupo com todos os aspetos que são a base de um bom atleta. Há quem descure a alimentaçã­o, os treinos, o descanso… é daí que vêm as lesões”. Por outro lado, “os recordes vêm da atenção que damos ao nosso corpo, à nossa saúde. Só assim ficamos mais tempo em jogo”.

QUER COMPETIR?

“Acho que vamos ter torneios de Karate Combat em Portugal daqui a uns anos, mas não sei se a modalidade vai crescer muito por cá, neste sentido”, prevê o campeão nacional. “Vai sim crescer o interesse neste desporto. Os números no Facebook e as visualizaç­ões no YouTube não param de crescer, e os números não mentem! Talvez não hajam muitos portuguese­s a competir. Mas também só existe um lutador português a competir na UFC, e não é por isso que Portugal não conhece bem esta luta”.

Se acha que foge à regra e considera que assistir às competiçõe­s não lhe chega, a Men’s Health aconselha a que o próximo passo seja o de conhecer o mindset de Vitalie Certan, a sua visão sobre o Karate Combat. O português sabe a responsabi­lidade que tem enquanto promotor do Karate Combat em território nacional. “Não posso fazer muito mais além de dar dicas. Sei o que tive de lutar para chegar até aqui, para ter esta oportunida­de, mas ajudo qualquer um” garante. Fá-lo através do seu canal no Telegram ‘De amador a profission­al’, onde dá a conhecer o Karate Combat através da sua visão pessoal. “É um espaço onde me dou a conhecer e o que faço. Uma forma de chegar a mais pessoas” e, como nos adiantou, onde poderá, num futuro próximo, haver aulas online. Um guia de como começar a treinar para futurament­e passar do karaté para o Karate Combat. Quantos karatecas aceitam o desafio?!

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