Treinar contra a esclerose múltipla. Um exemplo de superação!
Bruno Ferreira é um exemplo de superação e de como o exercício físico pode ser a arma para o bem-estar, mesmo quando o corpo teima em dizer que não. O artista não se deixa render à esclerose múltipla e conta a sua história à Men’s Health.
AFORMAR-SE EM DESIGN GRÁFICO, Bruno Ferreira é um artista plástico/ilustrador freelancer conhecido por Ezik. Com obras espalhadas por algumas ruas portuguesas, Ezik sempre quis ter influência e poder para mudar alguma coisa através do trabalho. Focado na crítica social e em temas difíceis de digerir, as pinturas que faz são únicas, fiéis a si mesmo e com o objetivo de incentivar conversações, em vez de mera concordância. Enquanto fazia um mural de grandes dimensões, começou a sentir falta de força e perda de sensibilidade, mas culpabilizou o esforço e os treinos diários. Comentava os sintomas que tinha, porém ninguém acreditava que fosse algo tão grave, chegando a ouvir que era ‘só’ ansiedade’. Ainda conseguiu finalizar o gigante mural, na fachada de um hotel, sem saber que estava no meio de um surto. Bruno Ferreira tinha 28 anos quando deixou de sentir a mão e perna esquerdas durante uma viagem de 40 quilómetros na autoestrada, em julho de 2019. Decidiu fazer exames a fundo para perceber o que se passava, incluindo ressonância magnética do crânio. Esperava boas notícias, pois fazia trabalhos de grande porte. “Estava a trabalhar e nem ligava aos sintomas, só me apercebia quando parava”, recorda o artista. “Pensei que eram sequelas do acidente de carro que tive em fevereiro, juntamente com o cansaço do novo trabalho. Até que fui diagnosticado com esclerose múltipla [EM]”. Segundo a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), trata-se de uma doença crónica, autoimune, inflamatória e degenerativa, que afeta o sistema nervoso central e surge frequentemente entre os 20 e os 40 anos de idade, ou seja, entre os jovens adultos. De difícil diagnóstico, estima-se que em todo o mundo existam cerca de 2.500.000 pessoas com esta doença. Em Portugal, os números ultrapassam os 8.000. “Faço parte de 8.000 pessoas especiais”, conta-nos Bruno Ferreira, entre risos.
“O EXERCÍCIO AJUDA-ME A SENTIR QUE ESTOU A TRABALHAR PARA TRAVAR A DOENÇA”
Embora o diagnóstico concreto só tenha sido entregue em outubro de 2019, quase a celebrar 29 anos, o artista plástico confessa que, em setembro, amigos médicos já lhe tinham dito que tudo apontava para EM. Não comentou nada com a família para não os preocupar, contudo, um mês mais tarde, a verdade teve de ser dita. “Depois do diagnóstico, fiz um tratamento de corticoides e fiquei 15 dias de cama, sem saber o que me esperava. Não vou mentir, deixei-me ir abaixo. Nem desenhar conseguia, porque não sentia a mão. E para comer uma sopa demorava 30 minutos. Até que comecei a lutar e, atualmente, continuo a fazê-lo”, garante-nos.
“A MELHOR MANEIRA DE LIDAR É COM O HUMOR”
Durante todas as conversas que teve com a Men’s Health, Bruno Ferreira adotou uma postura animada e brincalhona, sem nunca esconder que, por vezes, se sente mais afetado pela EM. Ainda assim, faz os (im)possíveis para dar a volta à situação. “A melhor maneira de lidar é com o humor! Tem de se ter noção da gravidade, mas brincar com a situação, dentro dos limites”. Não quer passar a ideia que é tudo um mar de rosas. Muito pelo contrário. O corpo tem dias que se imobiliza, sente dor crónica, desfoque da visão, várias impressões estranhas inexplicáveis a juntar ao stress e ansiedade. Porém,