A alimentação, por Lara Sousa
NUTRICIONISTA 5224N
Quando o Manuel me procurou, o desafio já tinha sido lançado! Em relação à alimentação, iniciou o processo sozinho e, por iniciativa própria, já tinha começado a restringir a sua alimentação. Rapidamente percebeu que ia ser uma grande jornada para o fazer sem acompanhamento profissional também a nível nutricional, e foi aí que me contactou. O Manuel levava uma vida despreocupada. Estando ligado ao meio artístico, os horários não eram favoráveis para que conseguisse ter rotinas de descanso, de treino e alimentares. Sofria de obesidade há décadas e, como nunca teve outras complicações de saúde, nunca tinha parado para pensar que tinha de mudar de hábitos. Esse momento chegou há um ano, quando entrou no meu gabinete com aproximadamente 140 kg.
_ As primeiras mudanças no comportamento alimentar
Ao trabalhar durante a noite e acabar os espetáculos de madrugada, o que o Manuel estava habituado a comer nesses momentos eram alimentos altamente calóricos acompanhados muitas vezes de refrigerantes e cerveja. Habituado a deitar-se tarde devido aos espetáculos, mesmo nos dias sem eventos acabava por não descansar de forma adequada, comia durante a noite e, por consequência, acordava tarde e não planeava ou pensava no que iria comer no decorrer do dia. De um momento para o outro, o Manuel percebeu que praticamente todos os seus hábitos alimentares teriam de ser alterados e ainda antes de ser acompanhado por mim, fez uma restrição alimentar severa, quase como se tivesse _ ganho “medo” de comer. Ouviu muitas opiniões não habilitadas, tentou sozinho aplicar quase todas essas opiniões no seu dia-a-dia e sentiu-se demasiado limitado. Posto isto, o meu primeiro trabalho com ele foi fazê-lo entender que cada uma dessas opiniões foram criadas com base em experiências pessoais. Analisar bem todas as variáveis e ajustar caso a caso é a chave para um bom progresso. Ele teve de confiar em mim, aprender o que seriam boas escolhas alimentares e as menos boas e com isso perder o “medo” de comer.
_ As várias estratégias
No início, uma restrição alimentar ligeira a moderada faria acontecer o que era esperado, ou seja, uma perda de peso consistente e a bom ritmo e, ao mesmo tempo, uma aprendizagem do que seria uma boa alimentação, completa e equilibrada, com opções mais abrangentes. Outra preocupação inicial foi a de criar o hábito de ingerir água suficiente. À medida que o tempo foi passando e os resultados foram surgindo, as estratégias também foram sendo alteradas. Houve fases com maior défice calórico que outras, da mesma forma que também houve momentos em que se fez recurso a outras estratégias como a de jejum intermitente e ainda com ciclos de hidratos de carbono. Adaptar o plano alimentar em função do plano de treino sempre foi uma preocupação.
_ O caminho faz-se caminhando
Um dos meus objetivos foi sempre o de manter o Manuel consciente de que a disciplina era a palavra de ordem. A manutenção de peso será um processo bem mais longo que este de perda de peso, pois será para o resto da vida. Para isso, é necessário que tudo o que ele aprendeu ao longo do acompanhamento alimentar lhe sirva de aprendizagem para implementar no seu dia-a-dia de forma mais autónoma. Os alimentos como hortofrutícolas terão de fazer parte da sua lista de compras e rotinas alimentares para sempre. No meio em que o Manuel trabalha não costumam existir boas opções alimentares. De uma forma muito esporádica, fazer recurso a esse tipo de ofertas não faz muita diferença a longo prazo na manutenção de peso e composição corporal.
_ O balanço geral e o horizonte
O Manuel, desde a sua primeira consulta até agora, perdeu um total de 53,9 kg, 18,7% de massa gorda e aumentou a sua porcentagem de massa muscular em 16,85%. Estes resultados deixam-nos a todos muito orgulhosos, mas o objetivo final ainda não foi alcançado. Esperamos apresentar no futuro uma transformação de imagem corporal e de indicadores de saúde e bem-estar surpreendentes.