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O MADEIRO QUE AQUECE O NATAL BEIRÃO
O madeiro de Natal continua a ser uma tradição na Beira Baixa. Já não é um ritual de passagem para a idade adulta, mas o sobreiro ou azinheira continuam a ser arrancados pela raiz, a operação continua a durar um dia de trabalho, a madeira continua a ser transportada em festa para o adro da igreja, o fogo continua a ser acendido na noite de 24, mantendo-se até ao dia de Reis. No início do mês, no concelho de Idanha-a-Nova, o fotógrafo beirão Valter Vinagre captou os momentos de uma herança que se mantém. Num ano terrível de incêndios, este fogo traz conforto e paz.
Omadeiro de Natal continua a marcar o espaço físico das aldeias do concelho de Idanha-a-Nova. Seja pela imponência dos grandes toros de azinho ou sobreiro amontoados nos adros das igrejas e capelas, seja pelo convívio da população ao seu redor, o madeiro permanece um momento chave da expressão coletiva nas comunidades desta região beirã.
Já não há «rapazes das sortes», mas, a cada ano pelo 8 de Dezembro, as populações congregam-se, como podem, para ir buscar ao campo as árvores que hão de aquecer o Menino Jesus na noite da Consoada, partilhada pelas comunidades reunidas em celebração festiva. A comer, a beber e a cantar à volta da grande fogueira, afasta-se o frio e a escuridão da grande noite de inverno, abençoados pelo nascimento do Salvador, luz nova a resgatar velhos costumes e anseios.
Na miríade de cenografias natalícias contemporâneas, esta tradição adapta-se e regenera-se, garantindo a sua continuidade fundamental entre um golo de vinho e uma trinca numa bucha.