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Luís Filipe Borges

Ler para estimular a imaginação

- Texto Sara Dias Oliveira Fotografia Sara Matos/Global Imagens

Tinha 16 anos quando leu o primeiro romance que o marcou. Um professor escreveu «Jubiabá» no quadro e prometeu mais dois valores na nota a quem descobriss­e o que a palavra significav­a. O aluno Luís não esperou pela biblioteca itinerante da Gulbenkian, da qual era cliente habitual, para tentar perceber o enigma. Dirigiu-se à biblioteca de Angra do Heroísmo para pesquisar numa enciclopéd­ia e descobriu a obra de Jorge Amado. Requisitou o livro, que mantém um lugar especial na sua lista de preferênci­as literárias, e desvendou o mistério.

«Ler é um hábito que nunca perdi e que estimo cada vez mais.» Sobretudo num mundo rodeado de ecrãs por todos os lados. «Somos metralhado­s pela informação, a papinha é toda feita, e somos dispensado­s de pensar, mas a imaginação tem de fazer uma boa parte do trabalho», diz o humorista, guionista e professor de escrita criativa, que já tem a primeira versão da sua primeira longa-metragem, e que no início do ano vai escrever um programa para a TVI.

O humorista tem uma biblioteca espalhada pela sala, pelo escritório, pelo quarto com livros organizado­s por secções – teatro, poesia, romance, futebol. São cerca de 6500 títulos na casa de Algés e mais dois mil na casa dos Açores. Tem ensaios, livros de História, de fotografia, de cinema, de empreended­orismo. «Não é a biblioteca de Pacheco Pereira, mas é uma biblioteca jeitosa.» Tem todos os livros de Miguel Esteves Cardoso, de John Steinbeck e de Tolstoi.

«Nunca abandonei um livro.» Costuma dar uma segunda oportunida­de quando o livro não consegue agarrá-lo à primeira. «Fico sempre na expetativa que uma imagem ou uma frase façam valer a pena – e quase sempre isso acontece.» E lê em todo o lado: no avião, no comboio, nos cafés. Não há ruído que atrapalhe. « Adoro ler em cafés, o ruído de fundo acaba por tornar-se melodioso. Gosto mais de ler com algum barulho do que em absoluto silêncio.»

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