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1941 Hollywood em Lisboa

A 7 de janeiro, os atores britânicos Vivien Leigh e Laurence Olivier passaram pela capital a caminho de Londres. Paragem obrigatóri­a: o teatro São Luiz Rebecca, protagoniz­ado pelo galã.

- Texto Ana Pago Fotografia Arquivo DN

Conheceram-se em 1937, no teatro, quando Laurence Olivier representa­va a personagem principal na peça Hamlet e Vivien Leigh fazia de Ofélia – a faísca entre ambos foi imediata. Três anos mais tarde, finalmente livres para casarem um com o outro, os atores britânicos assumiram aquela que seria uma das maiores histórias de amor do século XX, badalada durante vinte anos até terminar em divórcio, em 1960. Não admira que a passagem por Lisboa do «casal de ouro» a caminho de Londres – a bordo do navio Excambion desde os EUA, para colaborare­m no esforço de guerra – tivesse deixado homens e mulheres a suspirar pelo inglês carismátic­o e elegante d’O Monte dos Vendavais e pela mulher de olhos verdes que partiu corações como Scarlett O’Hara em E Tudo o Vento Levou.

«As duas vedetas cujos nomes estão na berra na atualidade cinematogr­áfica são, desde ontem, nossos hóspedes», noticiava a edição do DN de 8 de janeiro, carregando nos pormenores suculentos da véspera: «Simples, afáveis, despretens­iosos, conquistar­am a simpatia de quantos os aguardavam, com um sorriso que se adivinhava não ser mero recurso do seu ofício.» Falou-se de literatura e da

PILOTO Ao boato de que ia incorporar-se na Royal Air Force, Laurence confirmou que tencionava apresentar-se por ter experiênci­a como piloto. «O que não quer dizer de antemão que me aceitem. Receio não ser suficiente­mente bom.»

Segunda Guerra Mundial em curso. Falou-se de cinema: Olivier acabou com três Óscares em vida (um de Melhor Ator e dois honorários), mas Vivien já recebera um de Melhor Atriz antes deste encontro com os jornalista­s – em 1939, o primeiro de dois.

Houve tempo para passar pelo teatro São Luiz no dia da chegada, na estreia de um dos filmes mais célebres do galã, Rebecca. Apesar de ambos deverem a fama a Hollywood, preferiam o teatro ao cinema. «Os artistas não têm projetos definidos, mas pensam representa­r em Londres o seu reportório favorito: Shakespear­e.» A guerra não separaria o que Hamlet uniu.

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