LIÇÕES DE VIDA

«As minhas personagens, boas ou más, ensinam-me coisas sobre a vida.»

«As minhas personagens ensinaram-me coisas sobre a vida», diz o ator António Capelo.

Nasceu a dois passos do Douro, em Castelo de Paiva, terra de velhos mineiros (Pejão), de peixe no rio e de suor na lavoura. Há algum tempo recuperou uma antiga casa no alto de um monte em Pedorido com vista para o rio da infância.

Nos incêndios de outubro passado, a casa resistiu, mas à volta ardeu quase tudo. Agora, no tempo livre, anda a plantar árvores, a sarar feridas que o fogo deixou. « A vida tem-me ensinado muita coisa, uma delas é esta capacidade de regeneração que a natureza tem. Apesar da tragédia, está tudo a rebentar.»

No palco, como na vida, absorve maneiras de pensar, espíritos revolucionários, ou nem por isso, momentos marcantes, figuras que se transfiguram. « As minhas personagens, boas ou más, ensinam-me coisas sobre a vida.» Recentemente vestiu a pele de um cientista na peça A Vida de Galileu, no Palácio do Bolhão.

Queria estudar Direito, inscreveu-se em Filosofia, no Porto, desistiu no segundo ano, e começou a fazer teatro. Os convites sucederam-se e nunca mais parou. É ator, encenador, professor de teatro, diretor artístico do Teatro do Bolhão.

Tem projetos que lhe completam a vida, como o Palácio do Bolhão, edifício restaurado e que é a casa do teatro com o mesmo nome desde março de 2015. O ator permanece na sua arte em várias frentes, no teatro, na televisão e no cinema. Trabalhou com nomes como Jorge Silva Melo, Teresa Villaverde, Paulo Rocha, Joaquim Leitão. Ontem como hoje, a vontade de aprender com a vida, e com tantas vidas que vai encarnando na arte de representar, mantém-se inabalável.