Jornal de Notícias - Notícias Magazine

Tanto Money em tão poucos

- FILIPE GARCIA jornalista

Bill Gates, Waren Buffet e Jeff Bezos valem tanto como a metade mais pobre da população dos Estados Unidos, 160 milhões de pessoas. Quem o diz é a Oxfam, um consórcio de ONG dedicado a estudar os números da miséria global. No recente relatório, destacou o El País, garante que 2017 foi o ano em que mais bilionário­s surgiram, um de dois em dois dias, nove homens em cada dez estreantes. Outro dado ajuda a perceber o panorama global: do total da riqueza gerada globalment­e no ano passado, 82% acabaram concentrad­os em 1% da população. O Le Monde traduziu em números: em 2017 o saldo global cresceu mais de 9,2 mil milhões de dólares, 7,6 dos quais escaparam a 99% da população global.

Percentage­ns assustador­as. Capazes de motivar movimentos cívicos, protestos e juras de reformas. E ainda assim, nem por isso são novidade. Do café onde «o rico está cada vez mais rico» aos estúdios onde alguns lhe dedicam músicas. E essa é uma tradição que entre músicos também não é de agora. Alguém que não se lembre de Money, o primeiro single de Dark Side of the Moon? Em 1973, os Pink Floyd ainda só estavam em vésperas de se tornarem milionário­s, mas já sabiam como jogar. Dinheiro? « Agarra com as duas mãos e guarda/Carro novo, caviar, sonho de quatro estrelas/Acho que vou comprar uma equipa de futebol», canta o seu autor Roger Waters. Anos depois, Waters haveria de reconhecer que a fase da banda foi, ao que o dinheiro dizia respeito, reveladora de uma nova realidade. «Começámos a levar palmadinha­s nos ombros, meu rapaz fuma um charuto, vocês vão longe. Na verdade, a partir dali podíamos ter parado, tínhamos conseguido, podíamos dizer adeus. Estou contente que não o tenhamos feito», contou no documentár­io da VH1 dedicado aos bastidores da gravação do disco.

«O dinheiro, dizem, é a raiz de todo o mal», canta Waters, citando uma passagem bíblica. E se há muito que nenhum dos Pink Floyd tem de pensar no saldo bancário, o vocalista nem por isso perdeu o hábito de ir alertando para as causas que defende. Na recente digressão pelos Estados Unidos, em palco colocou várias imagens anti-Trump e ainda recomendou que quem se sentisse incomodado fosse v ver «a Kate Perry ou as Kardashian­s». Teve um custo – a American Express retirou o os 4 milhões de dólares com q que apoiava a digressão. Nad da que forçasse o cancelamen­to ou que lhe coloque em risco o lugar entre os mais ricos do mundo.

 ??  ?? DARK SIDE OF THE MOON Pink Floyd 13,74 euros
DARK SIDE OF THE MOON Pink Floyd 13,74 euros
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal