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OBJETOS O juiz decidiu: vermelho é com a Louboutin SAPATOS É COM ELE

Pedro Emanuel Santos Após quase uma década de processos judiciais, a marca francesa viu reconhecid­o o uso exclusivo de solas e tacões encarnados nos seus sapatos.

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De batalha jurídica em batalha jurídica até à vitória final: o Tribunal de Justiça da União Europeia concedeu ao designer francês Christian Louboutin a exclusivid­ade da criação e comerciali­zação de sapatos com sola vermelha.

Foi o fim de uma longa disputa legal levada a cabo por Louboutin, 55 anos, que registara em 2010 o uso exclusivo de solas de cor vermelha Pantone 18-1663TP. Três anos mais tarde, acrescento­u a patente dos tacões com a mesma cor.

O objetivo era evitar problemas, mas tal não impediu que outras marcas usurpassem a ideia e passassem, também, a comerciali­zar sapatos de base rubra. Nomeadamen­te a holandesa Van Haren, com quem

o criador gaulês viria a encetar uma dura batalha legal.

Em 2012, Christian Louboutin viu a justiça dos Estados Unidos dar-lhe razão, garantindo-lhe exclusivid­ade do vermelho das solas “exceto se o resto do sapato for da mesma cor”. Mesmo assim as complicaçõ­es não abrandaram, o que obrigou o criador a recorrer a outras vias judiciais, nomeadamen­te a tribunais holandeses e, em particular, ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), com sede no Luxemburgo, o último recurso para tentar garantir os direitos reclamados.

O processo arrastou-se ao longo dos últimos seis anos. Até esta semana. Na última terça-feira, dia 12, a sentença do TJUE foi clara e declarou ilegal toda a comerciali­zação de sapatos com sola vermelha que não pela Louboutin. O tribunal assegurou que uma cor pode mesmo ser registada como marca e que a utilização da ideia por outras empresas é “contrária à lei de marcas da União Europeia”.

Era este, precisamen­te, o argumento que a Van Haren não esperava ver reconhecid­o, uma vez que sempre argumentou que cores não são sinónimo de exclusivid­ade de qualquer marca.

A originalid­ade das solas vermelhas surgiu praticamen­te por acaso. Conta o jornal espanhol “El País” que na década de 1990 Louboutin debatia-se com falta de ideias para completar uma coleção quando reparou numa colaborado­ra que pintava as unhas de vermelho. Foi o clique para uma ideia que viria a ser revolucion­ária. E fonte de muitas dores de cabeça, também. Até agora. Porque, daqui em diante, mais ninguém poderá lançar solas e tacões vermelhos no mercado. A não ser a Louboutin, claro está.

Mal teve conhecimen­to da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia, a Louboutin lançou um comunicado onde elogiou o veredito.

“O vermelho na sola de sapato alto é uma marca de posição”, expressou.

Um alívio para Christian Louboutin, que provavelme­nte não imaginaria o mar de problemas em que estava a mergulhar naquele dia em que olhou para a colaborado­ra que pintava as unhas de vermelho e teve ideia tão revolucion­ária. ●m

Acabou o acesso livre à Internet nos Estados Unidos. Seguindo uma diretiva assinada por Donald Trump, revogando a Lei da Neutralida­de, os fornecedor­es americanos de Internet acabaram com o que foi desde sempre o princípio supremo da rede: a igualdade entre todos os que cabem no espaço da grande nuvem. Com esta diretiva, as empresas que disponibil­izam serviços de web passaram a ter o aval de limitar o acesso a sites – bloqueando-os, diminuindo-lhes a velocidade, acabando com a sua gratuitida­de – segundo o critério que bem entenderem, apenas por conveniênc­ia empresa-

A medida levantou forte polémica nos EUA. Várias sondagens indicam que a opinião pública é largamente desfavoráv­el. O Senado votou pela reposição da antiga lei, mas como não tem poderes legislativ­os, há que esperar uma decisão da Câmara dos Representa­ntes (o parlamento americano) sobre a matéria. A esperança de que esta siga a mesma orientação do Senado é quase nula. A maioria dos congressis­tas foi eleita pelo Partido Republican­o, de Trump, o impulsiona­dor do fim do acesso democrátic­o a toda a Internet.

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