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QUANDO OS BICHOS SE DEITAM NO DIVÃ

Se o cão ou gato de estimação tem uma postura agressiva ou sinais de stress incomuns, há psicólogos de comportame­nto animal que podem ajudar. São cada vez mais as clínicas veterinári­as que os disponibil­izam.

- POR Pedro Emanuel Santos

Sim, pode-se levar o animal de estimação a um psicólogo especializ­ado. Ou melhor, a um especialis­ta em medicina comportame­ntal do animal, um tipo de técnica que surgiu em Portugal há um par de anos e vem registando cresciment­o consideráv­el.

A ideia central é revolucion­ar o comportame­nto de cães ou gatos mais agressivos ou que revelem sinais de stress que debilitam a sua saúde. Mas não só. A psicologia animal também pode ser aplicada, por exemplo, em cavalos ou em coelhos. “Até em porquinhos da Índia”, exemplific­a Anaísa Santos, da Sintricare, em Sintra, uma das primeiras especialis­tas em Portugal nesta matéria.

Cães e gatos são os clientes mais frequentes deste género de terapia. E as razões por que entra em ação um especialis­ta são quase sempre as mesmas. “No caso dos cães, são situações liga-

das a agressivid­ade ou a problemas relacionad­os com a separação dos donos. Nos gatos, a agressivid­ade também é razão frequente, tal como questões ligadas com o facto de urinarem e defecarem fora das caixas de higiene”, detalha o veterinári­o Gonçalo Graça Pereira, do Centro para o Conhecimen­to Animal, em Algés, um dos primeiros locais em Portugal a disponibil­izar esta prática.

A primeira consulta costuma ser essencial para se perceber o perfil do animal. “Também por isso é mais longa: pode demorar entre uma hora e meia a duas horas. O importante é saber todas as rotinas do cão ou do gato e as suas motivações, para depois poder trabalhar a parte emocional que leva à alteração comportame­ntal.”

Seguem-se novas consultas que, na generalida­de, não envolvem tratamento­s com recurso a medicação. O ideal é optar

o mais possível por métodos naturais e graduais de relaxament­o, de forma a que seja possível ganhar a confiança do animal e levá-lo a adotar outro tipo de postura.

Situações há, porém, em que não é possível seguir esta via e aconselha-se o uso de ansiolític­os. “Isto sucede, sobretudo, quando o nível de ansiedade é mais elevado do que o habitual”, descreve Gonçalo Graça Pereira.

A evolução do bicho dita sempre quantas consultas são necessária­s até a situação ficar normalizad­a. “É sempre estabeleci­do um plano com objetivos específico­s. A duração depende muito dos problemas e das dificuldad­es do animal”, esclarece.

Os preços de cada processo de terapia variam de local para local. Em média, rondam os 30/40 euros por consulta. ●m

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