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Normalment­e num incêndio quantos litros de água se gasta?

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A Rita e o Martim estiveram no estúdio do JN TAG a entrevista­r João Pedro Baptista, que é subchefe de 1.ª classe dos Bombeiros Sapadores do Porto. Ficaram a saber como funciona o quartel desde que a sirene toca e quais as missões com que estes profission­ais se deparam no dia-a-dia.

Tiago

Normalment­e, num incêndio, quantos litros de água se gasta?

Isso depende, mas evitamos ao máximo gastar muita água num incêndio. E há incêndios em que não gastamos água. Existem outros extintores que podemos utilizar. Tem a ver com a dimensão do incêndio, com o que está a arder. Por isso não posso dizer os litros exatos, depende da situação.

Nos incêndios de outubro aproximada­mente quantos litros gastaram?

Não faço ideia. Estamos a falar de muitos bombeiros, muitos meios no terreno, há muita situação a ocorrer em simultâneo e é impossível calcular. A resposta certa é incalculáv­el.

Quantocust­amasfardas­debombeiro?

O que deves querer dizer é quanto custam os equipament­os completos de bombeiro. Farda é o que trago agora, o que uso todos os dias. Um equipament­o de bombeiro, da cabeça aos pés, es tamos a falar de milhares de euros. É um investimen­to muito grande.

E quem paga?

Não são os bombeiros. No Porto, como pertencemo­s à Câmara Municipal do Porto, é a Câmara que faz o investimen­to. E também há o apoio do Ministério da Administra­ção Interna. Neste caso, no Porto, somos pagos pela Câmara.

Jápensaste­emdesistir­deserbombe­iro?

Não. É daquelas profissões em que tenho gosto de ser. Não me chateia nada acordar de manhã para ir trabalhar. Até costumo dizer que vou a correr para o trabalho, porque até vou mesmo a correr todos os dias, literalmen­te! É algo que gosto de fazer, tem a ver com aquilo que eu sou.

Como achas que os bombeiros são tratados em Portugal?

Deviam ser tratados um bocadinho melhor. É aquela questão de que só se lembram dos bombeiros na altura dos incêndios, mais na parte do verão. Mas há ocorrência­s durante todo o ano. Nós temos mais situações na cidade do Porto na altura do inverno do que propriamen­te no verão. Infelizmen­te os bombeiros só passam nas notícias no verão, mas nós trabalhamo­s o ano todo, 365 dias por ano.

E o que fazem os bombeiros além de apagar incêndios?

Fazemos um bocadinho de tudo. Tudo aquilo a que as pessoas não conseguem dar resposta, todas as situações de emer- gência. Fazemos salvamento­s no rio Douro, por exemplo, e nas praias da cidade do Porto. Fazemos também intervençã­o sempre que há acidentes com camiões de matérias perigosas. Fazemos socorro a acidentes de viação. Fazemos transporte de pessoas sinistrada­s, salvamento de animais, aberturas de portas. Situações em que as pessoas batem a porta e deixam o fogão ligado, ou batem a porta e deixam a criança fechada, são situações de emergência. Nós vamos lá e abrimos a porta! Os bombeiros fazem um bocadinho de tudo o que é possível ser feito.

Como funciona o quartel desde o momento em que a sirene toca?

Há muita coisa que funciona antes de tocar a sirene. A partir desse momento, vamos a correr para a sala de máquinas, que é onde estão os nossos meios de transporte. E temos lá também o equipament­o que vamos usar. Imagina que é uma situação de incêndio, vou ao local onde tenho o meu equipament­o de incêndio, equipo-me, vou para a viatura, e a seguir saímos em direção ao local onde as pessoas precisam de nós.

Quando os bombeiros apagam os fo-

gos, também ajudam a descobrir quem fez o incêndio?

Isso não é trabalho dos bombeiros, é trabalho da polícia. Nós o que temos a fazer é preservar as provas para quando a polícia for para o terreno ter a capacidade de saber o que aconteceu. Sempre que temos dúvidas sobre o que aconteceu chamamos a polícia. Por isso é que não podemos utilizar muita água para combater incêndios, porque podemos dar cabo das provas que servem para incriminar a pessoa que originou o incêndio.

Rita

Por que razão decidiste ser bombeiro?

Eu em pequeno, na idade do Tiago, não tinha a certeza do que queria ser. Geralmente com sete, oito anos temos três possibilid­ades: ser jogador de futebol, ser bombeiro, ou polícia. Jogador de futebol, como não tinha pés para isso, pus logo de lado. Queria ser polícia, mas entretanto as coisas foram acontecend­o e cheguei à conclusão que já era bombeiro sem saber, por isso fui para os bombeiros.

Há quanto tempo estás nos Bombeiros?

Entrei em 1997. Dia 23 de maio de 97. Por isso, estou a falar de 20 anos como bombeiro. Já é uma ‘vidazinha’.

Mantiveste-te sempre nos Sapadores?

Sim. Nós somos bombeiros profission­ais. É a nossa profissão. Desde 97 que a minha profissão é esta, ser bombeiro.

É difícil ser bombeiro?

Não é difícil, é trabalhoso. Nós temos agora uma recruta, vai acabar no princípio de julho. Para formar um bombeiro é preciso ano e meio de formação. Eles (os recrutas) estão lá (no quartel) diariament­e de segunda a sexta-feira só para formação. Mas um bombeiro não se forma só num ano e meio. Nos 21 anos (contando com a formação) que tenho de casa, nos Sapadores do Porto, todos os dias estou a ter formação. O nosso batalhão funciona um bocadinho como a vossa escola. Nós temos salas de aula, e professore­s também. Durante o dia, os bombeiros não estão só à espera que toque a campainha para saírem. Estamos lá a ter formação para aprofundar os conhecimen­tos que temos, para sabermos mais, o que é muito importante.●m

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O Martim e a Rita conversara­m com o subchefe João Pedro Baptista e quiseram saber tudo acerca da vida dos bombeiros e do combate a incêndios
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