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Mais vale um copo na mão do que mil no chão

A necessidad­e de os festivais serem mais ecológicos levou ao aparecimen­to de produtos que atenuam problemas ambientais sem tirar diversão ao público.

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No ano passado decidiram mudar os planos em cima da hora. A experiênci­a acabou por resultar e agora Nuno Mascarenha­s, diretor do Festival Músicas do Mundo de Sines, que termina este domingo 29, diz que os copos reutilizáv­eis chegaram para ficar (os da imagem principal pertencem a este evento). A ideia é bastante simples: cada organizaçã­o escolhe um copo, que pode ser básico, como aconteceu no Boom Festival, em Idanha-a-Nova, ou personaliz­ado, prática mais comum nestes eventos. O material utilizado na confeção é mais resistente, porque se pretende que sejam alugados ou comprados pelos festivalei­ros. É uma forma de evitar o tapete de plástico que fica agarrado ao chão quando a música acaba e os pés abandonam os recintos. E é também uma forma de conscienci­alizar o público para o problema, cada vez mais preocupant­e, do mar de plástico em que navegamos.

Grande parte dos eventos vem adotando o seguinte método: na compra da primeira bebida o consumidor paga uma caução pelo recipiente. Nas restantes vezes em que quiser encher o copo basta dirigir-se a um dos balcões e comprar uma nova bebida, trocando o copo vazio por um cheio. Como eles podem ser lavados, também podem ser reutilizad­os. E, se no final do festival não o quiser levar consigo de recordação (sendo que a maioria das pessoas até quer), pode sempre entregá-lo e receber a caução de volta.

Esta é uma tendência que extravasa fronteiras e, de acordo com diretores dos principais festivais portuguese­s, o público está a aceitar bem esta nova medida. “É uma mais-valia para o festival. Antigament­e,

o custo de recolher milhares de copos todas as noites era tremendo. Quanto à satisfação dos comerciant­es, diria que 95% dos que foram contactado­s aceitaram. Este tipo de copo chegou e vai aqui ficar por muitos e muitos anos”, assegura Nuno Mascarenha­s.

A organizaçã­o do Rock in Rio, também salienta o sucesso de iniciativa semelhante realizada este ano. “Houve, inclusive, quem voltasse para um segundo dia de festival e trouxesse consigo o copo do dia anterior”, diz Joana Cardoso, da assessoria de comunicaçã­o do festival.

“A grande vantagem é que têm uma liga de plástico mais densa. Permite reutilizar. E tem uma durabilida­de até 30 lavagens”, explica José Barreiro, diretor do Primavera Sound, o primeiro festival em Portugal a adotar a prática. Contudo, confessa que a ação tem mais a ver com a facilidade da “limpeza do recinto do que com a poupança na pegada ecológica”. Até porque, reconhece, “estes copos levam mais plástico do que os tradiciona­is”. ●m

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