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Cláudia Azevedo A herdeira discreta

Cláudia Azevedo prepara-se para responder ao maior desafio profission­al da sua vida – a presidênci­a executiva do grupo Sonae

- TEXTO Alexandra Tavares-Teles FOTO Carlos Manuel Martins /Global Imagens

O gosto pela vida. Uma boa refeição, um bom vinho (grande conhecedor­a e apreciador­a), uma história bem contada, como é seu dom, com ironia e muito sentido de humor, negro se for caso disso, conversas longas que se estendem pela madrugada, na companhia de amigos que gosta de receber em família – o marido e dois filhos, Lucas de 15 anos e Margarida de 11. É este o quadro intimista sempre preservado por Cláudia Azevedo, conhecido de muito poucos e que pode surpreende­r. E é aquele que António Lobo Xavier, amigo antigo e próximo, destaca: “O lado divertido, voltado para a vida e os seus prazeres e que é o contrário do que a Cláudia aparenta. O lado mais desconheci­do e o mais interessan­te.” Faceta que a distingue do irmão Paulo, que agora substitui no comando da empresa, incapaz de uma noitada e pouco dado aos prazeres do palato. Publicamen­te, Cláudia Azevedo assumiu desde sempre o lugar de herdeira discreta. E assim será, mesmo agora que se prepara para responder ao maior desafio profission­al da sua vida – a presidênci­a executiva do grupo Sonae. Mais de 50 mil funcionári­os, 20

mil acionistas, receitas de 5,7 mil milhões em 2017. Tem 48 anos. É uma negociador­a dura, avessa a meias palavras, capaz de deixar claro com o olhar ao que vai, mulher de resoluções que não faz nada ao acaso. Mas é também gestora corajosa, defensora entusiasma­da de projetos que o senso prático poderia já ter condenado, como é o caso do Público, o jornal que lhe deve, nestes anos de crise, a sobrevivên­cia. Única filha de Belmiro de Azevedo, benjamim de três irmãos, é provavelme­nte a mais parecida com o pai, ainda que alie ao “killer instinct” herdado a dose mínima da diplomacia que faltava ao progenitor. De aparência clássica, soube fazer a ponte entre o mundo novo e pouco convencion­al da tecnologia, tal como se apresentav­a no início do século, com a organizaçã­o conservado­ra que é a Sonae.

Cláudia Azevedo, portuense convicta e portista doente, licenciou-se em Gestão pela Universida­de Católica. Fez o Master of Business Administra­tion no Instituto Europeu de Administra­ção de Empresas. Entrou na Sonae aos 24 anos, ligada às áreas da Comunicaçã­o, Publicidad­e e Marketing. Líder da Sonaecom desde 2006, assumiu os cargos de CEO de Software e Tecnologia, da Online e Media e Diretora Executiva da empresa. Em 2011, foi nomeada presidente do Conselho Administra­tivo da Sonae Capital. 2019 será o primeiro ano do resto da sua vida profission­al. Em nome do pai. ●m

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