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“Jovens de hoje não correm mais perigo do que no passado”
As redes sociais não são bicho-de-sete-cabeças que deva assustar pais receosos de perderem o controlo do que os filhos veem na internet. Na verdade, os desafios não fogem aos do antigamente. São apenas diferentes. A opinião é de especialistas ouvidos pela “Notícias Magazine”.
Será possível controlar tudo o que crianças e adolescentes absorvem na internet, em particular nas redes sociais? A resposta poderá ser um rotundo não. Mas também não deverá ser necessário entrar em pânico, avisam Ana Jorge, da Universidade Católica de Lisboa, e Paulo Frias, da Universidade do Porto.
Com anos de estudos em torno da internet e da influência sobre os mais novos, ambos concordam que estamos perante uma realidade impensável há poucos anos, dado o acesso deveras facilitado, por exemplo ao YouTube, onde é fácil encontrar os mais variados géneros de conteúdos, dos mais inocentes aos mais perversos. Ainda assim, dizem, é sempre preferível olhar para o lado bom da questão. “As crianças têm direito ao entretenimento,
o que até pode ser um estímulo à imaginação”, entende Ana Jorge. “Os pais têm um papel primordial na sensibilização dos filhos no que aos excessos da internet diz respeito. Embora, pior do que controlar, seja proibir.”
Paulo Frias é da opinião de que “o controlo parental é necessário”,
o que não invalida que sejam prementes outras medidas por parte dos reguladores da internet, como a criação de “filtros para mensagens pouco apropriadas”.
De resto, os dois especialistas desvalorizam temores sobre os riscos potencialmente nocivos que sites como o YouTube, em particular através dos populares canais dos youtubers, podem ter no comportamento dos jovens.
“No fundo, os miúdos de hoje não correm mais perigos do que corria, noutras gerações, quem estava demasiado exposto a jogos eletrónicos. Ou, até, à televisão”, acrescenta Ana Jorge. “Dizer que está tudo perdido ou que os jovens estão mal influenciados é talvez exagerado.”
Paulo Frias afina pelo mesmo diapasão. E lembra que estamos “habituados ao lado perigoso da internet há muitos anos”.
“Os youtubers, concorde-se ou não com as temáticas que abordam e como as abordam, são um meio privilegiado de transmissão de certas mensagens, ainda por cima passadas para o exterior de uma forma concisa e rica em termos de meios”, aponta o professor de Comunicação na Faculdade de Letras das Universidade do Porto. P. E. S.