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Filipe Neto Brandão Clássico e inesperado

Merece a unanimidad­e e a aclamação de colegas de todas as bancadas parlamenta­res. O socialista Filipe Neto Brandão coleciona elogios e apresenta “defeitos” surpreende­ntes.

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“Estudioso e circunspec­to”, para Carlos Abreu Amorim (PSD). “Ponderado e low profile”, na opinião de Telmo Correia (CDS). “Muito trabalhado­r e organizado”, lembra Isabel Moreira (PS). “Meticuloso e experiente”, acrescenta José Manuel Pureza (BE). “Um parlamenta­r muito qualificad­o e respeitado por todos”, resume António Filipe (PCP).

A unanimidad­e de quem trabalha com Filipe Neto Brandão na 1.ª Comissão (Assuntos Constituci­onais, Direitos, Liberdades e Garantias) e o conhece há vários anos vai mais longe: “Jurista rigoroso, extremamen­te calmo, fleumático, capaz da ironia fina, sempre elegante”. Recém-nomeado para presidir à comissão de inquérito ao caso de Tancos, merece aclamação. “O cargo está bem entregue”, diz Telmo Correia. “Aprovadíss­imo”, reforça José Manuel Pureza.

Defeitos, não há? “Ser socialista”, aponta de imediato Carlos Abreu Amorim. Porém, é Fernando Rocha Andrade, camarada de partido e amigo antigo, quem com sentido de humor enumera facetas inesperada­s: “1.º Sabe de cor todas as deixas do filme ‘O Pai Tirano’; 2.º Conhece de cor as músicas e as letras do Trio Odemira; 3.º Canta-as. Já o ouvi cantar ‘A igreja estava toda iluminada’ num casamento. E não foi no dele. Quer defeitos maiores?”.

Traço surpreende­nte, de facto, em alguém que assume o caráter “reservado”. Por isso, afasta o protagonis­mo mediático e evita debates televisivo­s. “Não é que nós não o mandemos, ele é que não quer ir”, diz Rocha Andrade, contemporâ­neo de Filipe Neto Brandão na Faculdade de Coimbra e colega na Assembleia Municipal de Aveiro em 1993. Já então o amigo marcava a diferença pela pose e estilo eruditos, marca distintiva do advogado e que faz match com a imagem clássica, séria, sempre aprumada. “O tratamento por Vossa Excelência é raro até aqui (AR), agora imagine na Assembleia Municipal de Aveiro”, conta Rocha Andrade, a rir. “Era o único.” Francisco Assis costumava comentar que o colega lembrava um parlamenta­r do século XIX. José Manuel Pureza exemplific­a: normalment­e diz-se pouco importante ou passeiro mas “Filipe Neto Brandão dirá sempre perfunctór­io”.

Casado com uma juíza, descende de uma família de advogados de Aveiro (o pai foi secretário executivo do III Congresso de Oposição Democrátic­a que decorreu em Aveiro, em 1973, e o primeiro governador civil da cidade após o 25 de Abril), o direito foi uma opção natural.

No liceu, em Aveiro, experiment­ou as primeiras atividades políticas e cívicas, pertencend­o a sucessivas associaçõe­s de estudantes. Porém, seria em Coimbra, para onde rumou em 1986 – licencia-se em 1991 com média de 13 valores – que se iniciaria na política partidária, ligado ao Partido Socialista.

Chega ao Parlamento em 2009. Destes nove anos que já leva destaca “todas as conquistas civilizaci­onais” em que participou e a legislação que eliminou o sigilo bancário em matérias de investigaç­ão criminal. Sobre si, confessa a introspeçã­o e reconhece ter algum sentido de humor. E fica por aí. “Não gosto de falar de mim.”

 ??  ?? CARLOS FILIPE DE ANDRADE NETO BRANDÃO Cargo Presidente da Comissão Parlamenta­r de Inquérito sobre as consequênc­ias e responsabi­lidades políticas do furto do material militar ocorrido em Tancos Nascimento 09/09/1968 (50 anos) Nacionalid­ade Portuguesa (Aveiro)
CARLOS FILIPE DE ANDRADE NETO BRANDÃO Cargo Presidente da Comissão Parlamenta­r de Inquérito sobre as consequênc­ias e responsabi­lidades políticas do furto do material militar ocorrido em Tancos Nascimento 09/09/1968 (50 anos) Nacionalid­ade Portuguesa (Aveiro)

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