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“O lixo é nosso até encontrarm­os o sítio adequado para poder deitá-lo fora”

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No segundo episódio do “Eu Governo”, os pequenos governante­s Renato, Henrique, Elvira, Anamar e Lisandra dirigem sugestões ao ministro do Ambiente sobre o que fariam para reduzir o plástico no meio ambiente. João Pedro Matos Fernandes esteve na redação do TAG e comenta as sugestões. O ministro lembra que, em primeiro lugar, reciclar é um ato de civismo. E tem novidades, já para o início do novo ano, para batalhar contra o plástico.

O Governo, ministro do Ambiente incluído, proibiu o plástico nas escolas públicas a partir do dia 1 de janeiro do próximo ano. Essa decisão já está tomada! Temos é de saber fazer aqui uma diferença entre o que é o plástico e o plástico descartáve­l, o plástico que só se usa uma vez. Se não fosse o plástico eu não conseguia estar a dar esta entrevista. Estas câmaras são em plástico, já se fazem corações em plástico. Por isso, o plástico é um material fantástico. O que não faz sentido é o plástico, que é um material indestrutí­vel ou quase, que só se usa uma vez. Por isso, as garrafas de plástico que só são usadas uma vez, as palhinhas e as colheres de plástico não fazem qualquer sentido e a Administra­ção Pública, o Estado, o Governo, e tudo o que está no setor público, e nas escolas públicas, a partir do dia 1 de janeiro, nunca mais poderão usar este plástico que se usa uma só vez. Os microplást­icos têm mesmo de desaparece­r de tudo. Porque uma coisa são os nossos cartões multibanco ou os nossos telemóveis em plástico, outra é quando já há plástico no sal, na água, em nós próprios. E é claro que esse plástico que fica em nós, os microplást­icos, são obviamente um problema a prazo para a saúde pública. A um ministro e a um Governo não cabe só dar ordens e proibir, cabe sobretudo liderar no sentido de levar as pessoas a ter um determinad­o comportame­nto. O que é muito importante é que a Elvira só use sacos de paninho e nunca mais use sacos de plástico. E aqui, uma vez mais, temos de fazer a diferença entre o saco descartáve­l, que só se usa uma vez, e aquele que pode ser reutilizad­o. Estou certo de que os sacos que se usam uma só vez vão mesmo ser proibidos. Portugal está na União Europeia, cumpre um conjunto de regras próprias da União Europeia, e ainda há pouco tempo, no Parlamento Europeu, foi aprovada uma diretiva que vai exatamente nesse sentido. Sim, os sacos de plásticos que se usam uma só vez vão mesmo desaparece­r, e mesmo os outros vão ser muito menos usados. Não vale a pena estar à espera que o Governo proíba o que quer que seja: as pessoas podem, simplesmen­te, deixar de usar.

“Se fosse ministro do Ambiente proibia o plástico nas escolas” RENATO, 9 ANOS

“Dizia para pararem de pôr plásticos microscópi­cos na pasta de dentes” HENRIQUE, 10 ANOS

“Acabava com os sacos de plástico e só podíamos usar sacos de paninho” ELVIRA, 8 ANOS

“Dava ordem para trocar as garrafas de plástico pelas de vidro” ANAMAR, 8 ANOS

“Mandava não deitar lixo para o chão nem para o mar” LISANDRA, 8 ANOS

O vidro, de facto, tem a vantagem de mais facilmente ser reciclado e reutilizad­o. O plástico é um material com tantas qualidades que, por exemplo, uma garrafa de água de plástico não tem só um plástico, tem três: o plástico do corpo da garrafa, o do rótulo e o da tampa. E quando temos três tipos de plástico a reciclagem é ainda mais complicada. Com o vidro isso não acontece, além de que todos nós temos mais respeito por uma garrafa de vidro do que por uma de plástico. Nenhum de nós atira uma garrafa de vidro para o chão. Sabemos que o vidro se pode partir e nos podemos magoar. Portanto, tendemos a ter mais respeito pelo vidro. De resto, para as bebidas, é um material muito mais adequado do que o plástico. Mas, repito, não é preciso ficar à espera de proibir nada. E quando a Anamar e os amigos forem a um café ou restaurant­e e pedirem uma água, digam: “Eu não quero uma garrafa de plástico, mas de vidro”. E, se muitos fizermos isso, posso garantir que os cafés e os restaurant­es, que tendem a servir bem os seus clientes, só terão garrafas de vidro para pôr na mesa. Não se pode deitar lixo para o chão, não se pode deitar lixo para o mar! Seja qual for o lixo. Sobretudo, não se pode culpar a Câmara Municipal por não colocar o caixote do lixo onde nós precisamos dele. Qualquer lixo que tenhamos na mão, qualquer embalagem que haja em casa, é nossa a responsabi­lidade de lhe dar o destino adequado. Que, no caso de uma embalagem de vidro, de papel ou plástico, é sempre em primeiro lugar a reciclagem quando não a pudermos reutilizar. Sim, é proibido deitar o lixo para o chão, além ser uma falta de civismo. Sempre que tivermos um produto na mão que já não vamos usar, e a que, por isso, chamamos de lixo, temos mesmo de ficar com ele, porque ele é nosso até encontrarm­os o sítio próprio para poder deitá-lo fora.

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