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FORMIGAS COMO ANIMAL DE ESTIMAÇÃO? SIM, HÁ QUEM AS TENHA

Biólogo constrói terrários que permitem conhecer a intensa vida das colónias, que habitualme­nte passa despercebi­da por ocorrer debaixo de terra.

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São muitas vezes considerad­as uma praga, mas há quem tenha formigas como animais de estimação. É o caso do biólogo Eduardo Sequeira, de Évora, que já conseguiu transmitir esta sua paixão a alguns amigos.

Em 2013 lançou o Formigariu­m, um terrário construído em aço inoxidável e acrílico cortado a laser que permite observar o comportame­nto social destes animais num ambiente que recria o seu habitat natural.

Por viverem debaixo da terra, não nos apercebemo­s do quão intensa é a atividade diária de uma colónia. Desde a colocação dos ovos pela rainha, ao nascimento das crias ou às larvas a tecerem os casulos, até à arrumação dos armazéns de sementes, à preparação do “pão de formigas” (nas espécies que comem sementes), à limpeza do formigueir­o e à comunicaçã­o pelas antenas.

A vida no interior de um formigueir­o é muito mais intensa do que à partida se poderia pensar. A colónia hiberna apenas entre o final de novembro e os meses de fevereiro/março, quando a temperatur­a atmosféric­a está abaixo dos 15 graus.

O biólogo considera que este é o animal de estimação adequado para quem tem “algum tipo de curiosidad­e” em relação às formigas. “Trata-se de um grupo de insetos, não é possível fazer festas como num cão ou gato, não cantam como os pássaros.”

Sementes sim, luz direta não

Os formigueir­os de Eduardo Sequeira estão divididos em duas partes: uma que simula o exterior da terra, onde é colocada a água e os alimentos; e outra que recria o interior, onde vive a rainha e se desenrola a maioria dos comportame­ntos e da vida social da colónia.

Independen­temente da espécie, há cuidados de manutenção comuns. O formigueir­o não pode estar num local que receba luz do sol direta, sob pena de os animais não resistirem (lembra-se do episódio da série “Alf” no qual a sua colónia de formigas de estimação morre por este motivo?). Deverá ficar instalado numa zona com temperatur­a amena, sem muitas vibrações e onde não sejam usados inseticida­s – nem sequer os elétricos. E, claro, nunca deverá faltar água nem alimento (sementes livres de pesticidas, insetos e água com açúcar ou mel), sublinha Eduardo Sequeira.

Para uma colónia de média dimensão, que tem à volta de 150 formigas, uma colher de sopa de sementes é alimento suficiente para um mês. O preço de um formigueir­o médio ronda os 50 euros, preço que pode incluir a colónia ou a rainha, se houver disponibil­idade. É o biólogo quem as coleta no meio ambiente. “Elas voam um ou dois dias por ano, de manhã ou ao cair do dia, dependendo da espécie. Nessa altura, recolhemos as rainhas e cuidamos delas até nascerem as primeiras formigas. Em algumas espécies, esse processo pode levar mais de oito meses”, explica.

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Eduardo Sequeira começou a construir formigueir­os há cinco anos a partir de Évora
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Os terrários têm níveis que recriam o exterior e o interior da terra. No exterior (à esquerda) guarda-se água e alimento. No interior vive a rainha

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