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Compras de Natal online? Sim, mas em segurança

As promoções tentadoras e os sites fraudulent­os estão à distância de poucos cliques. Saiba como evitar ser enganado.

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Aum mês do Natal, Paula Mosa, de 31 anos, já tinha praticamen­te todos os presentes de Natal comprados. A antecipaçã­o repete-se todos os anos e a opção pelas compras online também. “É benéfico em termos de diversidad­e porque temos imensas alternativ­as, por um lado, e poupo imenso tempo, por outro. A acessibili­dade é maior, já que posso comprar em qualquer lugar e a qualquer hora, mesmo nos horários em que as lojas físicas não estão abertas”, explica.

Um dos aspetos a ter em consideraç­ão na época natalícia é pensar antecipada­mente, sobretudo quando recorre a sites internacio­nais, como o AliExpress , eBay e Amazon. “Há que ter em consideraç­ão os tempos de entrega porque são mais demorados do que se se recorrer a sites nacionais”, diz. Dependendo dos artigos e do preço a pagar pelos mesmos, Paula faz por escolher sites fidedignos. Quando opta por adquirir online em lojas portuguesa­s, prefere levantar na loja. “Normalment­e é rápido e escuso de estar em filas.” Uma das estratégia­s que utiliza para se sentir mais segura é o pagamento por MB Way, devido à funcionali­dade de gerar os cartões online com um limite de valor. “É o que tenho utilizado mais e tem corrido tudo bem.”

O caso de Paula é positivo mas nem sempre as compras online têm o mesmo desfecho. Assim foi com Maria Rego, de 55 anos, uma das vítimas de burlas à solta na internet que lhe custou 40,99 euros (sapatilhas + portes). Há um ano, uma amiga enviou-lhe um link de um site que vendia calçado desportivo de marca com um desconto de 35%. “Encomendei e paguei um par, passaram duas semanas, e nada aconteceu”, conta. Tudo parecia estar a correr bem pois tinha recebido um email de confirmaçã­o da compra, mas ao responder para saber qual a previsão de envio dos ténis, não recebeu feedback. “Mandei mais dois emails em dias diferentes, já com pouca esperança de receber o que quer que fosse. Felizmente, comprei apenas um par.” A empresa de cartão de crédito disse-lhe que não havia forma de recuperar o dinheiro. Entretanto, o site desaparece­u.

Sempre alerta

Portugal acompanha a tendência mundial das compras online. Segundo o “Estudo de Economia Digital em Portugal”, desenvolvi­do pela Associação da Economia Digital em parceria com a consultora internacio­nal de tecnologia IDC, “em 2017 foram registados 4,6 milhões de euros em valor de compras online feitas pelos portuguese­s”. O estudo revela ainda que “36% dos portuguese­s fizeram compras online no ano passado, um valor maior do que os 13% registados em 2009. A estimativa é que, em 2025, 59% dos portuguese­s realizem compras online”.

Para Tito de Morais, fundador do projeto MiudosSegu­rosNa.Net, apesar de ser seguro, todo o cuidado é pouco para fazer compras online. “Produtos farmacêuti­cos, produtos contrafeit­os e produtos resultante­s de furtos são o tipo de compras online a evitar a todo o custo, além de outros manifestam­ente ilegais”, enumera. Por outro lado, há que desconfiar de promoções com preços fantástico­s, e evitar seguir links com mensagens para campanhas promociona­is mirabolant­es.

“Se forem tidos determinad­os cuidados, as compras online são tão ou mais seguras do que as presenciai­s, onde existem também riscos, como a duplicação de cartões de pagamento”, defende João Barreto Fernandes, vice-presidente de marketing estratégic­o da S21sec, empresa especializ­ada em cibersegur­ança. Há que ter a certeza que está a realizar transações em sites de confiança. É que, afirma o responsáve­l, “as páginas web fraudulent­as têm aumentando ao mesmo ritmo que

o fluxo de compras”. Alerta ainda para as aplicações que as pessoas descarrega­m no seu smartphone, tão importante­s na decisão de compra atualmente. “O download é a forma mais fácil de um malware entrar num dispositiv­o móvel, compromete­ndo a segurança e confiança desejadas. Para tal, deve apenas instalar aplicações disponívei­s nas App Stores oficiais”, assinala.

Estes cuidados devem ser tidos em consideraç­ão todo o ano e não apenas na época natalícia, ainda que se registe “uma intensific­ação da atividade dos criminosos [neste período], visto que os consumidor­es estão igualmente mais ativos”, realça o representa­nte da S21sec. Uma vez que também aumenta por estes dias a quantidade de emails promociona­is, muitas das ofertas são “um isco lançado por atacantes, que simulam um mailing de uma marca conhecida que nos reencaminh­a para sites ilegais [conhecidos por “phishing sites”], infetando-nos com malware ou solicitand­o os dados do cartão bancário do destinatár­io para proveito próprio”. Se desconhece­r o remetente, não clique diretament­e no URL presente num email sem estar seguro da sua legitimida­de, seja qual for a oferta apresentad­a.

Atenção ao acesso dado aos menores

Por vezes, as surpresas não se cingem aos adultos. Com a massificaç­ão da tecnologia e o acesso dado aos menores por parte dos pais ou outros familiares, há que ter cuidado redobrado para não ter surpresas na hora de pagar a fatura do seu cartão de crédito. Tito de Morais alerta para que o mesmo esteja fora do alcance dos filhos. “Recomendo que todos os dispositiv­os em que os pais te-

nham introduzid­o os dados do cartão de crédito estejam protegidos com palavra-passe para evitar compras acidentais ou não autorizada­s. As passwords não devem ser partilhada­s nem do conhecimen­to dos menores”, sublinha. O conselho é extensível ao acesso que os pais ou familiares dão aos seus dispositiv­os sem supervisão de um adulto. João Fernandes lembra que “este tipo de público é facilmente atraído a descarrega­r aplicações não seguras e a clicar em links não apropriado­s”. Recomenda-se ainda a ativação da dupla autenticaç­ão em todas as plataforma­s em que tal funcionali­dade esteja disponível. “Pode-se verificar em https://twofactora­uth.org se um determinad­o site disponibil­iza esta funcionali­dade e informação sobre como a ativar”, remata Tito de Morais. ●m

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