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Raízes, galhos, folhas, pelos.

- POR Filomena Abreu

cinzas de ossos e dentes de animais, ervas e areia. Para eles, a relevância da higiene oral era tal que os aristocrat­as tinham escravos cuja única função era limpar-lhes os dentes. Tudo isso se sabe por documentos. Fisicament­e, na Europa, a escova mais antiga que se conhece tem cerca de 300 anos. Foi encontrada durante escavações arqueológi­cas num antigo hospital municipal de Minden, na Alemanha. O formato da escova como hoje a conhecemos só viria a nascer na China, em 1498. Era feita com pelos de porco amarrados a varinhas de bambu ou a pedaços de osso. Mais tarde também se usaram os pelos de javali e de cavalo. Em todo o caso, eram pouco higiénicos, porque acumulavam humidade, ganhavam mofo e apodreciam. Além disso, as extremidad­es pontiaguda­s das cerdas feriam as gengivas. Isso, a juntar ao facto de uma escova ser usada por toda a gente na mesma casa – eram caras – ajudou a disseminar fungos bocais por famílias inteiras.

O problema acabou resolvido em 1938, com a criação da escova com fios de nylon, por Robert Hutson, nos Estados Unidos. O primeira desses modelos foi batizado de “escova de dentes milagrosa do Doutor Oeste”. O material, bem mais suave, teve sucesso por isso mesmo – não agredia as gengivas e tornava a escovagem um hábito muito menos doloroso. No entanto, parece unanime que lavar os dentes com frequência só se tornou rotina na Segunda Guerra Mundial, algo que começou entre os soldados. Desde então, a evolução das escovas não tem parado. São adaptadas à idade e aos tratamento­s dentários. E há modelos para todos os gostos. Desde as elétricas às mais ecológicas, feitas, por exemplo, em bambu. Não há desculpas para não lavar os dentes. ●m

Nacionalid­ade Alemã

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