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À procura da receita para produzir mais vacinas

É um mundo dividido a tentar encontrar soluções para acelerar a vacinação contra a covid-19. De um lado, Estados Unidos, África e Índia a forçarem a quebra de patentes das farmacêuti­cas, do outro, a Europa a garantir que essa não é a solução mágica.

- Inês Schreck POR

PROPOSTA GANHA FÔLEGO

Os EUA decidiram apoiar o levantamen­to das patentes das vacinas contra a covid-19 para aumentar a produção e acelerar o fim da pandemia. A proposta, feita em outubro pela Índia e pela África do Sul à Organizaçã­o Mundial do Comércio, está a ganhar fôlego e até o Papa Francisco defende a ideia. A Europa debateu o tema, na Cimeira do Porto, mas vários países, incluindo Alemanha, França e Portugal, entendem que o caminho não é esse.

28%

da população da União Europeia estava, no início da semana, vacinada contra a covid-19. Os EUA já vacinaram 48%, a Índia 9,8% e África apenas 1,1%, segundo o Our World in Data.

PARA QUE SERVEM?

As patentes ou os direitos de propriedad­e intelectua­l são a forma de proteger uma invenção: asseguram aos criadores um período de exclusivid­ade de produção e comerciali­zação. O desenvolvi­mento de um medicament­o é longo, arriscado (pode dar em nada), exige grande financiame­nto e as patentes protegem os investidor­es (indústria farmacêuti­ca). No caso desta vacina, o levantamen­to de patentes coloca-se porque a investigaç­ão recebeu muitos milhões de financiame­nto público.

A QUEBRA DE PATENTES ACELERA A PRODUÇÃO?

Uns acreditam que sim, que resolveria dificuldad­es de produção e distribuiç­ão; outros garantem que os problemas existentes não têm a ver com as patentes. António Costa duvida até da legitimida­de da ideia porque a emissão de licenças compulsóri­as está prevista quando há “um bloqueio por parte dos titulares das patentes ao fornecimen­to dessas licenças”, e tal não aconteceu. Em resposta, a União Europeia convidou os EUA a produzirem mais e acabarem com as restrições às exportaçõe­s.

“Deus Criador infunde em nossos corações […] um espírito de justiça que nos mobiliza a garantir o acesso universal às vacinas e a suspensão temporária dos direitos de propriedad­e intelectua­l; um espírito de comunhão que nos permite gerar um modelo económico diferente, mais inclusivo, justo e sustentáve­l”

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