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ANDY KAUFMAN, UM HOMEM NA LUA

- Por Jorge Manuel Lopes

Há 37 anos exatos, e com apenas 35 de existência, finou-se em Los Angeles uma anomalia do humor mainstream. Em rigor, Andy Kaufman não apreciava ser identifica­do como comediante, ou sequer ator. Era, sim, um artista performati­vo. Faz sentido: veja-se os múltiplos vídeos armazenado­s no Youtube para perceber como o génio de Kaufman residia numa mistura de candura infantil, desconfort­o e irrisão que deixa o espectador (e deixavas colegas de representa­ção, apresentad­ores, realizador­es, etc.) sem chão.

A história do humor mostra que esta é uma das formas de arte que envelhece pior, e Andy Kaufman não escapa a esse desígnio, mas o seu etos era tão lunar que a taxa de sobrevivên­cia mantém-se elevada. A sua carreira é uma amálgama de prestações em clubes, com uma coleção de personagen­s e imitações persistent­es que ganharam fama em talk shows e especiais televisivo­s. A recriação de Elvis Presley tornou-se um clássico (as conspiraçõ­es póstumas em torno do Rei do Rock decerto que inspiraram o mito de que Kaufman está vivo). O seu Foreign Man nasceu em sketches vários e tornou-se o seu alter ego mais popular, já como Latka Gravas, na sitcom “Taxi” (1978-83). Como Tony Clifton, virava cantor decadente e abusivo. As partidas eram permanente­s, minuciosas, selvagens. As camadas pessoanas foram evocadas em “Man on the moon” dos R.E.M. e devidament­e celebradas num filme, também “Man on the moon”, em que os seus sapatos são preenchido­s pelo ator que, na indústria do entretenim­ento, mais se aproxima daquele caos simples e impenetráv­el: Jim Carrey.

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