PERTO DO DESASTRE

VOLTA A PORTUGAL Equipas quase reduzidas a oito ciclistas, devido à mudança de regulamento, e essa foi só uma das más notícias

Discussão sobre o número de ciclistas por equipa, suspeitas de doping, estrangeiros desconhecidos e percurso sempre igual são demasiados assuntos negativos no arranque da Volta

Gustavo Veloso, Alejandro Marque e Rui Sousa surgiram sorridentes na apresentação da 77.ª Volta a Portugal, os galegos que venceram as duas últimas edições e que agora além de amigos são rivais abraçaram-se para a fotografia,mas a alegria exibida pelos três maiores candidatos ao triunfo, sendo perfeita para o programa televisivo de ontem, limitou-se a disfarçar o ambiente tenso que se vivera nos bastidores. Já a cerimónia estava a começar quando a União Ciclista Internacional abriu uma exceção ao regulamento que mudara este ano, autorizando as equipas a alinhar com os nove ciclistas que estavam a apresentar e evitando o desastre de cada uma delas ter de mandar um para casa.

AVolta, que tem perdido fulgor nos últimos anos, com a falta de figuras nacionais – provavelmente só o boavisteiro Rui Sousa teria boa nota num teste de popularidade – e a quebra acentuadade qualidade das equipas estrangeiras, que à exceção da espanhola Caja Rural são perfeitas desconhecidas, é ainda criticada porum percurso que repete o figurino há uma década e vai-lhesomando outros dissabores. Depois de o jornal oficial da corrida ter apontado a existência de seis corredores com passaportes biológicos anómalos, lançando a suspeita de doping sobre

Os amigos Veloso e Marque cumprimentaram-se ontem em Viseu, pela primeira vez na condição de rivais

todo o pelotão português, foi a discussão sobre o número de corredores a estender-se até onde não deveria.

O presidente do Colégio de Comissários, o croata Durlen Mladen, avisara na passada sexta-feira que o regulamento internacional mudara e só as trêsGrandesVoltas–Tour,Giro e Vuelta – podiam ter equipas de nove corredores, ficando todas as restantes limitadas a oito. Joaquim Gomes, diretor da organização, explicou que esta segunda-feira foi feita uma exposição à UCI, alertando para as “particularidades do ciclismo português”.A resposta evitou a bronca, mas só chegou... ontem à tarde! Hoje correm-se apenas 6 quilómetros, mas as avenidas de Viseu vão exigir força. Além dos arranques nas rotundas e dos andamentos pesados nas retas, será necessário arriscar na zona histórica. Às 17h30, já se conhecerá o vencedor.

ORDEM DE PARTIDA