O Jogo

Évora dá salto de bronze

ATLETISMO A bandeira nacional subiu no Estádio Olímpico de Pequim, com Nelson Évora a chegar ao pódio depois de exceder as expectativ­as

- ANTÓNIO FLOR

Após cinco anos de avanços e recuos na sua forma, devido a lesões, Nelson Évora regressou ao pódio depois de um desempenho brilhante, tendo arriscado tudo ao milímetro desde o primeiro ensaio

Ao sexto dia, finalmente, um grande motivo de alegria para Portugal nos Mundiais de Pequim, com Nelson Évora a garantir a medalha de bronze no triplo salto. Foi uma final de elevado nível, a começar pelo resultado do vencedor, o norte-americano Christian Taylor, que, no último ensaio, e no calor da luta com o cubano Pedro Pichardo, saltou 18,21 m, passando a ser o segundo da história, a oito centímetro­s do ainda recor- dista mundial, J onathan Edwards. Évora fez um concurso sempre no limite, arriscando desde o primeiro ensaio. As três tentativas nulas (ver quadro) explicam-se pelo risco de querer alcançar o pódio, pois sabia que, para lá chegar, teria de adotar uma estratégia ambiciosa. O salto de 17,29 m, o terceiro, que lhe garantia, por um centímetro, a medalha de bronze, teve uma chamada no limite! Ao quinto ensaio, todavia, o sonho da insígnia quase ruiu: o norteameri­cano Omar Craddock passou-o ao saltar 17,37 m! Évora não se fez rogado: juntou todas as forças e conseguiu 17,52 m.

Um salto soberbo que o pupilo de João Ganço já não conseguia desde 2009 e que originou em Évora, sempre calmo e ponderado, um sentimento de alegria e de revolta que o levou a arrancar o dorsal e a mostrá-lo ao público, como que a dizer que, apesar dos anos em que se manteve fora do topo, continua bem vivo rumo aos Jogos Olímpicos.

Nascido na Costa do Marfim há 31 anos, Nelson Évora chegou a Portugal com seis anos. Este é, sem dúvida, um marco que virará a história recente da sua carreira. Iniciou-se no atletismo aos 11 anos, tendo ingressado no Benfica pela mão do treinador João Ganço. O seu maior feito foram o título olímpico, em 2008 (Pequim), e o mundial, um ano antes (Osaca). Desde 2010 viu a carreira condiciona­da pelas lesões, sendo que só esta época conseguiu treinar e competir sem quaisquer restrições...

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