O Jogo

“Aposta nos jovens dá-me gozo especial”

BERNARDO SILVA Médio do Mónaco lembrou a O JOGO a convivênci­a com Renato Sanches e Gonçalo Guedes, reabrindo a defesa da formação com o trunfo dos oitavos da Champions Saiu da Luz porque não via espaço para afirmar-se e, agora que as coisas parecem ter mu

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A derrota com o Tottenham foi pesada, Bernardo Silva acabou até por ser o último jogador do Mónaco a abandonar os balneários de White Hart Lane, já com a equipa toda à espera dele no autocarro para seguir rumo ao aeroporto, mas ainda havia tempo e uma maneira para recuperar a boa disposição depois do abalo europeu: falar do Benfica, obviamente. Os outros que aguentasse­m mais um pouco no autocarro, porque Bernardo tinha muito a dizer sobre o que tem visto na Luz. Aliás, é mesmo um assunto que lhe diz respeito, ou não tivesse sido uma tecla em que insistiu quase sozinho quando procurou explicar a saída precoce da Luz – faltava espaço, disse na altura, para os jogadores que saltavam da formação.

Agora, ironicamen­te, os holofotes estão todos na academia. Nélson Semedo, Renato Sanches e Gonçalo Guedes são as pontas mais visíveis de um icebergue de talento que Bernardo garante haver na formação. “Já conheço o Renato há um bom tempo”, conta, lembrando que, apesar da diferença de idade, ambos coincidira­m naquele espaço. E não só; à memória vieram-lhe outros episódios. “Lembro-me que chegámos a fazer algumas viagens de barco juntos, aquelas travessias de Lisboa para o Seixal”, recorda a O JOGO, sem apressar um assunto que lhe dá prazer evidente. “Portanto, conheço-o muito bem e acho que é um grande jogador. Estou muito contente por ver que alguém da formação está a conseguir impor-se da maneira como o Renato tem vindo a fazer, e só espero que muitos mais possam seguir o caminho dele”, reforça.

De Gonçalo Guedes, outro dos talentos da nova fornada, a imagem que o médio do Mónaco guarda é futebolist­ica- mente mais próxima ainda. “Gonçalo é um ano mais velho do que o Renato e dois mais novo do que eu. Cheguei a jogar com ele, porque fez parte da minha equipa de júnior de segundoano. O Gonçaloera juvenil, mas fez alguns jogos connosco. Sempre o conheci muito bem e também tem um grande futuro”, vinca, emendando sem pausas um desabafo. “Para mim, como benfiquist­a e como português, é uma alegria imensa ver o clube apostar finalmente nos jogadores.”

“Passo incrível com este presidente”

Assunto lançado e ainda um filão para explorar. Com um bom motivo – ou melhor, uma motivação de milhões – a servir de escudo. Bernardo Silva explica melhor. “Dá-me especial gozo que tenham conseguido chegar aos oitavos de final da Champions com esta política. Acho que todos os benfiquist­as estavam à espera que fosse feita uma aposta nos jovens, até porque, se é verdade que há uns anos o Benfica não tinha uma academia muito boa, neste momento os jogadores da formação são muito bons e se continuare­m a apostar nos que ainda estão por aparecer, nos mais novos, de certeza que terão muito sucesso.”

“Trauma Jesus está a ser ultrapassa­do”

Uma provocação: será esta qualificaç­ão a melhor prova de que ele próprio tinha razão quando deixava implícita e explícita a crítica a Jesus por não dar oportunida­dades? Aqui, o médio procurou uma finta diplomátic­a. “Se tinha razão? Acho que desde que este presidente do Benfica entrou, muita coisa mudou. Luís Filipe Vieira conseguiu que a formação do Benfica desse um passo incrível. Isso nota-se pelos jogadores que estão agora a sair da academia. Este é um ano de mudança, que não será tão fácil como os anteriores, mas se esta aposta continuar, se os jovens continuare­m a ter espaço, dentro de dois, três anos, o clube terá uma grande equipa”, aposta.

A história de que juventude e títulos são coisas que não combinam tem muito que se lhe diga. “Acho que é importante haver jogadores experiente­s, como é óbvio, mas também deve dar-se espaço aos mais jovens, porque se têm qualidade devem jogar, independen­temente da idade.”

Bernardo pede paciência aos adeptos, acha que o fôlego da Champions pode ser vital para que a política não morra à nascença e acredita que o trauma provocado pela saída de Jesus – e ele não contradiz os termos da pergunta, que é feita nestes termos - “está a ser ultrapassa­do”, deixando um voto de confiança a Rui Vitória, que ainda o procura também colher junto dos restantes benfiquist­as. “Não conheço Rui Vitória, por que nunca trabalhei com ele, mas a imagem que passa é a de tratar-se de um bom treinador. Espero que o Benfica chegue ainda mais longe na Liga dos Campeões”, remata, jápuxado por um assessor do Mónaco impaciente com a calma do médio nas respostas.

“Lembro-me das travessias de barco entre Lisboa e Seixal com o Renato. É grande jogador” “O Gonçalo era ainda juvenil e já jogava connosco algumas vezes. Sempre o conheci muito bem”

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Depois do desastre em Londres, Bernardo Silva encontrou um assunto para o animar: falar do Benfica
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