O Jogo

“ESTÁ TUDO NA NOSSA

RICARDO CARVALHO Um dos segredos da longevidad­e do central é gostar mais do que outros de estar em repouso. Aos 38 anos, acabar não é para já 38 anos e 12 dias: Ricardo passou a ser o terceiro mais velho de sempre nas Quinas, após Damas e Silvino

- RODRIGO CORTEZ

O mais velho jogador de campo do próximo campeonato da Europa ainda não pensou no dia em que vai arrumar as botas. Para já não quer saber disso, nem sequer se vai continuar no Mónaco

Com 38 anos e 12 dias, Ricardo Carvalho passou no domingo a ser o terceiro mais velho de sempre a jogar na Seleção. Damas (38 anos e oito meses) e Silvino (38 anos e sete meses) não estão muito longe, de modo que, a avaliar pelo que disse, o central pode vir a ocupar o topo da lista. É tudo uma questão mental, advoga.

Qual o segredo da sua longevidad­e?

—Está tudo na nossa cabeça: quando ela quer... É uma luta comigo próprio e sei que a vou perder, mas vou tentar jogar o mais possível. Sei que a idade não vai dar para muito mais, mas para já sinto-me bem e, enquanto a cabeça quiser e o corpo permitir, vou continuar. E depois sou uma pessoa tranquila; gosto de estar com a família e repouso muito, mais do que os outros. Gosto de estar em casa a descansar.

Poderá este ser o seu último Europeu?

—Só penso no presente, em estar bem nos treinos e nos jogos. Nesta idade temos de pensar no presente e não muito no futuro.

Teve saudades naquela altura em que ficou de fora?

—Sempre tive saudades, sempre quis estar aqui, a representa­r o meu país. Felizmente, ainda cá estou e, mais importante, sinto que posso ajudar, o que é gratifican­te.

Só tem contrato com o Mónaco até ao fim deste mês. Já sabe se lá fica?

—Ainda não sei. Não tenho falado com as pessoas para saber se posso continuar, mas o mais importante agora é ajudar o meu país.

A vasta experiênci­a de alguns jogadores, como é o seu caso, é uma mais-valia para este grupo?

—É importante, mas todos temos feito uma boa campanha este ano nos clubes e por isso fomos chamados. Há outros que podiam ter sido chama- dos, o míster optou por nós, mas mais importante é cada um fazer o seu trabalho e estar preparado.

Como sente o grupo depois de o selecionad­or ter elevado a fasquia?

—Temos feito um bom trabalho e estamos unidos. Temos a ambição de fazer uma boa campanha, de chegarmos às meias-finais ou à final, mas é passo a passo.

Este é o grupo mais ambicioso que já encontrou na Seleção?

—Não gosto de comparar. Em 2003, quando me estreei, eu era novo e havia jogadores com muita experiênci­a, como o Figo, o Fernando Couto ou o Rui Costa. Para mim, foi importante ter a presença deles e espero que para estes jovens também o seja.

A concorrênc­ia é forte. Sente que pode perder o lugar?

—É sempre bom haver concorrênc­ia, obriga-nos a sermos melhores quer nos treinos quer nos jogos. Sabemos que não podemos errar, faz-nos estar mais concentrad­os.

Considera que o primeiro jogo, frente à Islândia, poderá ser determinan­te para a campanha de Portugal no Europeu?

—Isso vale o que vale. É importante começarmos bem, mas se não começarmos bem, temos depois os outros jogos. É obrigatóri­o passarmos a primeira fase, mas se começarmos bem, fica mais fácil.

Espera um bom Europeu de Cristiano Ronaldo?

—Todos o conhecemos, nos momentos importante­s ele está presente. É a mais-valia desta Seleção, não há dúvidas disso.

O que espera da Inglaterra?

—Será mais um teste. Todos sabemos que é uma grande Seleção. É sempre um adas favoritas a ganhar qualquer prova, mas podemos fazer um bom teste. Temos de nos preocupar mais connosco do que com os adversário­s. Temos de olhar para nós e fazer um bom jogo par anos assumir moscada vez mais.

Como analisa a chamada de Renato Sanches?

—O Renato teve um bom ano. Foi tudo muito rápido para ele, sabemos que é útil. É bom termos, ao mesmo tempo, jogadores experiente­s e jovens. Importante é deixá-lo à vontade, deixá-lo crescer normalment­e, para se sentir aqui como se sente no Benfica.

“A luta é comigo e sei que vou perder, mas vou tentar jogar o mais possível” “Ainda não falei com as pessoas do Mónaco para saber se posso continuar no clube”

Ricardo Carvalho

Defesa da Seleção Nacional

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