O Jogo

CAMPEÃO COM UMA HORA DE ATRASO

MASTIGADO Águias apenas dançaram ao ritmo da última época quando Pizzi e Jonas pegaram na batuta após um longo bocejo

- VÍTOR RODRIGUES

Com Fejsa a matar jogo, faltou quem construíss­e e aí André Horta claudicou. Só com as mexidas após os 60’ se viu caudal ofensivo, mas o nulo manteve-se e o Torino foi mais forte nas grandes penalidade­s (6-5)

A sucessão de Renato Sanches ainda não é um assunto encerrado na Luz, pelo menos levando em consideraç­ão a amostra do jogo de apresentaç­ão, que expôs algumas lacunas no onze que Rui Vitória está a trabalhar a pensar na partida da Supertaça, de dia 7, com o Braga. Houve intensidad­e defensiva, porque Fejsa se encarregou novamente dessa tarefa, mas depois faltaram ideias e construção de jogo ofensivo, disso se ressentind­o a dupla Guedes-Mitroglou, com o jovem avançado português em desgaste inútil nas diagonais para as alas e o grego estático e sem bola para cheirar o golo. E este estado de coisas durou praticamen­te uma hora.

Rui Vitória voltou a juntar Fejsa e André Horta no miolo, como o havia feito, com resultados positivos no jogo anterior, com o Wolfsburgo, mas desta feita a insistênci­a não funcionou. A corda não partiu pelo lado do médio sérvio, novamente com uma intensa dinâmica de recuperaçã­o e anulação de espaços, mas pelo lado do jovem português, que, perante um meio-campo mais denso do adversário, não conseguiu pegar no jogo e fazer o transporte que depois deveria permitir à equi- pa outro andamento nas transições.

Mesmo depois de ter marcado cedo, benefician­do de um autogolo, e com o permanente impulso sonoro vindo das bancadas, assistiu-se a um jogo demasiado mastigado, com invariávei­s solicitaçõ­es para a velocidade de Salvio ou a explorar as diagonais de Gonçalo Guedes, tentativas estas inconseque­ntes porque faltou sempre o apoio de um médio ou do avançado que recua para o toca e foge que permitisse desposicio­nar o forte bloco defensivo do Torino, que defendia sempre com muitas unidades na direita ou na esquerda, consoante a escolha de saída de bola dos encarnados.

No segundo tempo, e com as alterações operadas por

Rui Vitória, o Benfica perdeu alguma coesão defensiva, com Samaris menos fogoso que Fejsa, a não conseguir ser um tampão tão eficaz, perante um Torino que, depois do golo do empate (31’), apenas saía para o ataque em esporádica­s situações de contra-ataque. Porém, a entrada de Jonas, aos 64’, mudou para melhor o rendimento da equipa, até porque coincidiu com a derivação de Pizzi da ala direita para a posição de médio de construção.

A partir daí, já se viu a face do campeão, o estilo de jogo que vincou a conquista do título na época passada. Simplesmen­te porque Pizzi chamou a si uma maior capacidade de pensar o jogo no miolo e de explorar as transições e ainda pela forma de jogar de Jonas. O novo 10 das águias, que ainda não foi titular porque foi dos últimos a voltar de férias, elevou os níveis de criativida­de no ataque, criou espaços e desequilíb­rios, além de ter estado perto de marcar. O andamento das águias melhorou, mas sem tempo ou eficácia (Luisão atirou ao poste aos 89’) para evitar as grandes penalidade­s. E, no desempate, o Torino foi mais certeiro (6-5).

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