A DEFINIÇÃO DE PRAGA
ARRANQUE Dois anos depois, o Rio Ave volta à Europa à procura do mesmo rumo que, da primeira vez, o levou à lucrativa fase de grupos
Dizer que a época do Rio Ave – e também a carreira de Capucho – pode ficar marcada logo no primeiro jogo da época é menos exagerado do que parece. Armando Evangelista explica porquê
Praga é uma belíssima cidade, mas é também uma palavra que Capucho espera poder riscar da definição de época do Rio Ave. “Para o bem ou para o mal, esta eliminatória marcará a carreira dele. Começar assim, ao contrário do que aconteceria se fosse no campeonato, significa que não haverá uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão ”, avisa Armando Evangelista, que, no V. Guimarães,experimentou na pele os efeitos de arrancar a afirmação como treinador de I Liga pela via europeia. Correu-lhe mal. “Havia dúvidas sobre o porquê de ter sido eu o escolhido e sentia a necessidade de rapidamente mostrar que essas desconfianças não tinham razão de existir”, recorda, ele que, curiosamente, é agora o substituto de Capucho no Varzim. “Se correr bem, pode impulsionar o resto de uma época. Correndo mal, acaba por marcar o trajeto e, mais cedo ou mais tarde, será usado sempre que algo não esteja como o desejado. Mas, claro, depois também depende da paciência das massas associativas”, completa. “Eu, por exemplo, só tinha perdido um jogo, no Dragão, quando saí do V. Guimarães...”
Percebe-se, assim, melhor o que está em jogo aqui, além dos 2,4 milhões de euros que a UEFA garante aos emblemas que chegam à fase de grupos, o que, para o Rio Ave, implicaria passar esta e ainda outra eliminatória: 220 mil euros estão no bolso, mas não vai sobrar nada. Aliás, é até provável que desta primeira etapa do regresso à Europa, dois anos depois, resulte prejuízo. O voo charter, combinado com outros gastos associados à viagem, ditarão uma fatura acima desse valor.
Mais do que o Slávia, o maior obstáculo de entrar oficialmente numa época pelas competições europeias pode muito bem ser interno. “Os clubes portugueses deixam tudo para a última. Os reforços, porque os querem mais baratos, ou as vendas, para as rentabilizar ao máximo. Alguns jogadores chegaram-me no dia 25 e a eliminatória foi a 30”, lembra ArmandoEvangelista, acreditando que o Rio Ave tenha acautelado esses detalhes .“Nãoé na palestra ou em dois dias de trabalho que o Capucho vai ganhar este jogo; a planificação que foi feita antes é que pode vir a ser decisiva”, acrescenta. Conselhos não dá. “É sempre pessoal; depende de cada um”, justifica, não vendo grandes problemas no facto de o técnico do Rio Ave ter ensaiado uma mudança tática (4x4x2) que deverá substituir o tradicional 4x3x3. “Desde que adequada aos jogadores do plantel, não
me parece um fator relevante, ainda que possa haver necessidade de afinar automatismos e isso exige tempo.”
No Varzim, Capucho deixoulheumaherançapacífica.“Quer dizer, trabalhou bem e, por isso, vieram buscar-nos alguns jogadores, um deles o Gil Dias, que está no Rio Ave. Tenho de partir quase do zero. Obrigadinho por isso, Capucho”, brinca Armando antes do remate. “Fico a torcer por ele.”