Segunda linha
A seleção olímpica é a prova de que não são os nomes que contam
Considerando tudo o que aconteceu durante as semanas que o antecederam, agora que já passou algum tempo desde aquele primeiro jogo com a Argentina, é impossível não ver na imagem dos nomes que se descolavam das camisolas dos jogadores da seleção olímpica uma espécie de metáfora redentora: afinal, não são os nomes que contam. Aliás, a lição que Rui Jorge tão generosamente nos ofereceu sobre a forma como o todo deve ser muito mais do que a mera soma das partes deveria servir, desde logo, aos adeptos que por esta altura se afligem com a qualidade dos reforços contratados pelos respetivos clubes. Não, não são os nomes que contam, é aquilo que um treinador a sério é capaz de fazer com eles. De resto, esta campanha olímpica, com todos os problemas que a antecederam e todos os obstáculos que obrigou a ultrapassar, acaba por ser uma espécie de sequência perfeita para a forma como Portugal conquistou o campeonato europeu há um mês. Mais do que isso, é um poderoso trunfo na manga de Fernando Santos quando chegar o momento de o selecionador nacional voltar a ter de nos convencer a abdicarmos dos nossos ideais artísticos e dos complexos de superioridade que lhe estão associados em nome dos méritos da união, da solidariedade e do sacrifício. Foi com humildade, camaradagem e, sobretudo, carácter que Portugal conquistou o primeiro título europeu da história e é com os mesmos argumentos que se está a impor nos Jogos Olímpicos, provando mais uma vez os méritos da classe operária ou, se preferirem, das segundas linhas. Éder há de estar orgulhoso.