O Jogo

TAARABT ESCAPA À RESCISÃO

Sem base jurídica para o despedimen­to, águias forçam empréstimo

- PEDRO MIGUEL AZEVEDO

As palavras do marroquino não dão justa causa às águias para o mandar embora. De resto, o objetivo continua a ser vender ou emprestar o atleta para recuperar os milhões nele gastos

A entrevista de Adel Taarabt à revista “France Football”, na qual o médioofens­ivo apontou o dedo a Rui Vitória como principal causador do seu insucesso na Luz, além de outras afirmações, caiu muito mal na SAD encarnada. Um ataque que, segundo o advogado João Diogo Manteigas explica a O JOGO, não chega para o Benfica avançar com despedimen­to com justa causa, mas que permite uma ação disciplina­r. Mas o que as águias querem é que Taarabt suma do mapa até 31 de agosto, por não verem nele condições para continuar no clube. Será também uma derradeira tentativa de ainda recuperar, a médio prazo, os três milhões de euros gastos no prémio de assinatura deste jogador há um ano.

Na entrevista dada à “France Football”, não autorizada pela SAD, o que viola o regulament­o interno assinado pelo jogador, as palavras de Taarabt para com o seu técnico foram duras, afirmando mesmo, a certa altura, que Vitória “partiu para o confronto”. “Era ele ou eu”, alegou o marroquino. Na opinião do jurista João Diogo Manteigas, estão criados argumentos suficiente­s para uma ação da entidade patronal. “Há indícios de uma violação do regulament­o interno do clube. Ou seja, vejo indícios que podem motivar a abertura de um processo disciplina­r contra o atleta”, confirma, a O JOGO, o especialis­ta em direito desportivo. O mesmo, questionad­o se vê argumentos, também, para uma eventual tentativa de rescisão unilateral, com justa causa, por parte dos encarnados, refere que “não”, pois Taarabt, “no limite, só violou o regulament­o interno”.

De qualquer forma, o presidente Luís Filipe Vieira não quer abdicar de recuperar o investimen­to feito em Taarabt, contratado após ter rescindido, por mútuo acordo, com os ingleses do QPR. Apesar de livre, o marroquino teve custos elevados para os cofres da Luz, conforme se tornou público através do sítio “Football Leaks”: além do prémio de assinatura, aufere 193 mil euros ilíquidos por mês, ou seja, cerca de 2,3 milhões/época. O próprio jogador admitiu, na recente entrevista, “ter o terceiro salário mais alto” no plantel e que “agora o clube queixa-se por ter de pagar”.

Esse salário, aliás, tem ajudado a afastar eventuais pretendent­es do jogador, ele que nunca atuou oficialmen­te pela equipa principal dos encarnados – e pela formação B apenas alinhou sete vezes. A uma semana do fecho do mercado, Vieira quer despachar Taarabt – o ideal seria vendêlo, mas o cenário forçado, para já, é o empréstimo com opção de compra, com o clube de acolhiment­o a suportar parcial ou integralme­nte o vencimento.

“No limite, a entrevista de Taarabt só violou o regulament­o”

João Diogo Manteigas Especialis­ta em direito desportivo

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