O Jogo

O recado

- Carlos Machado carlos.machado@ojogo.pt

OFC Porto protagoniz­ou em Roma um momento de afirmação de personalid­ade, sendo-o também de reafirmaçã­o europeia. O resultado é uma estatístic­a para recordar durante muitos anos e a memória de alguns ligará o peso dos números a um adversário poderoso, acabadinho de investir 100 milhões de euros em contrataçõ­es. A qualificaç­ão dos romanos foi preparada durante oito meses, mas a atitude portista cortou-lhes as vazas. Para o FC Porto, entrar em campo como se estivesse a ganhar, controlar o adversário e depois tentar cair-lhe em cima era uma boa ideia, mas Nuno Espírito Santo não quis, preferiu ir mais longe. Anunciou uma equipa desenhada para ganhar, teoricamen­te mais atrevida do que a utilizada no Dragão há uma semana, e, melhor ainda, estendeu-a no campo dessa forma. Pode anunciar-se um 4x3x3 e puxar os extremos para cima dos laterais, confinando a ousadia à ficha entregue ao árbitro e partilhada com a comunicaçã­o social. Mas não. O primeiro triunfo do FC Porto foi esticar a equipa e pressionar alto. Tentar ganhar a bola à saída da área de um adversário treinado por um dos mestres do contra-ataque é um risco grande, mas também pode ser um trunfo, pois no futebol é ténue a linha entre o suicídio e a glória. Arriscar vale sempre a pena e o jogo de ontem provou-o. O Roma precisava de um empate a zero, mas esperava-se o assalto às redes portistas para evitar surpresas. Na sequência dessa ideia, estavam decorridos dois minutos quando Casillas fez uma grande defesa para travar um tiro de Nainggolan; mas no momento seguinte o FC Porto pressionav­a a saída de bola junto à linha de área romana, ganhava-a e punha os da casa em sobressalt­o. Estava dado o recado. Um golo cedo tranquiliz­ou a equipa, sempre organizada e competente contra onze, mais tremelican­te quando De Rossi perdeu a cabeça e perturbada por momentos a jogar contra nove. A seguir os números subiram para o valor esperado.

É quase impercetív­el a linha entre o suicídio e a glória, mas arriscar vale sempre a pena e o FC Porto de Roma provou-o de forma clara

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