Lito aposta numa surpresa
AMBIENTE Arouca tem de recuperar desvantagem de um golo, ainda por cima na estreia de Paulo Bento, no infernal “Georgios Karaiskakis”
Parte em desvantagem mas acredita no apuramento
Horácio Gonçalves, na qualidade de treinador, já sentiu na pele o desconforto da pressão dos adeptos gregos sobre os adversários e recomenda a Lito Vidigal que é preciso “focar” os jogadores Ao Arouca ficou reservado o privilégio de estar na estreia de Paulo Bento no Estádio Georgios Karaiskakis (lotação de 33.300 espectadores), facto que amplia a pressão num ambiente já de si complicado para os visitantes. Corre nas veias dos adeptos, no caso particular dos do Olympiacos, sangue a temperaturas altas que explode à mínima fasquia e tende a perturbar o adversário. Este é o cenário que aguarda o ainda estreante Arouca nestas andanças europeias e que se apresenta no Pireu esperançado em superar a vitória da equipa grega, por 1-0. As probabilidades dos arouquenses podem ser reduzidas, mas no futebol há lugar às surpresas e hoje “poderá ser uma noite olímpica para o Arouca”. O vaticínio foi traçado por Horácio Gonçalves, um treinador com vários anos de experiência no futebol grego, no Asteras Tripolis, que conhece bem o pulsar “fervoroso” das bancadas do Georgios Karaiskakis e o efeito do ruído que lá se produz na mente dos jogadores adversários. A solução, recomenda, “é focarem-se no jogo, no que se passa dentro das quatro linhas e tentarem, ao máximo, abstrair-se do fervor que vem das bancadas, que costuma ser forte.” Desligar os sentidos do que se passa à volta é a primeira sugestão de Horácio Gonçalves à qual acrescenta “o acreditar” como forma de superação.
Horácio Gonçalves reconhece “excelentes jogadores” no plantel “bem orientado” por Lito Vidigal, ingredientes que entende alimentar o sonho dos arouquenses de deixar para trás o Olympiacos e seguir para a fase de grupos da Liga Europa. “Não será fácil, mas o Arouca pode dar a volta ao resultado da primeira mão, até porque o campeonato grego está suspenso e a equipa do Lito Vidigal tem já três jogos seguidos e pode tirar alguma vantagem nisso, pelo facto de o ritmo competitivo ser mais avançado”, avalia o técnico. A paixão dos gregos pelo futebol “é uma questão cultural” que em algumas circunstâncias envolve fatores socioeconómicos e abrange “qualquer modalidade desportiva. Os gregos são muito fanáticos, conseguem viver os 90 minutos intensamente, o que é uma mais-valia para a equipa deles, e uma desvantagem para o adversário, caso não tenha capacidade para se abstrair de todo o ambiente que o rodeia”, relembra Horácio Gonçalves, acrescentando mais um alerta: “Atenção que o calor costuma ser prejudicial; já joguei lá com 40 graus à tarde, mas como o jogo é por volta das 22h00 [hora local], pode ser que esteja mais fresco. No estádio do Olympiacos forma-se um caldeirão, é muito fechado.” As previsões meteorológicas apontam para mais um dia quente, típico de trovoada. Este jogo tem a particularidade de oferecer a primeira oportunidade dos adeptos do Olympiacos de verem emaçãootreinadorportuguês Paulo Bento e compensar a espera até ao dia 5 de setembro, data prevista para o arranque da Superliga, que fora adiado pelo governo grego.
“No estádio deles forma-se um caldeirão. É muito fechado” Horácio Gonçalves Ex-treinador do Asteras Tripolis