LUZ PARA RAFA DEPOIS DA GUERRA
Braga e agente do jogador acusaram-se à tarde, mas ao fim da noite já havia esforço de convergência para fechar venda ao Benfica
Extremadas as posições após troca de comunicados entre a SAD minhota e António Araújo na tarde de ontem, as partes envolvidas na milionária operação tentaram matar a polémica que prejudica o atleta
Depois da guerra de comunicados de ontem à tarde entre o Braga e António Araújo, o empresário ao qual o clube minhoto recusa pagar a comissão de 1,6 milhões de euros reclamada no negócio (ainda por formalizar) da transferência de Rafa para o Benfica, as três partes interessadas na operação, ao fim da noite, desenvolveram contactos no sentido de ultrapassarem as divergências. Apesar de os valores do negócio estarem acordados, incluindo com o atleta, que vai auferir 2,5 milhões de euros brutos em cada uma das cinco épocas de contrato, faltava definir quem pagaria a comissão à Onsoccer International, do agente do avançado. Após o extremar de posições a me ioda tarde, os intervenientes no assunto, horas depois, já faziam um esforço de convergência. Todos querem pôr um ponto final na polémica. No espaço público, o dia ficou mesmo marcado pelos comunicados de ataque e resposta. No seu sítio oficial, os minhotos começaram por se descartar de responsabilidades para com Araújo, garantindo que a sua empresa nada fez num processo gizado diretamente entre os presidentes António Salvador (Braga) e Luís Filipe Vieira (Benfica). O agente ripostou acusando a SAD bracarense de “proferir afirmações falsas e levianas”, assim como de “má-fé e despudor”, deixando em aberto a hipótese de “agir judicialmente”. Do lado do Benfica, manteve-se o silêncio no fogo cruzado de argumentos, embora o conflito tenha sido seguido com apreensão, por se entender que a novela pode colocar pressão extra no jovem internacional português, algo que nada interessa às águias. O Benfica já chegou a acordo com os minhotos, aceitando pagar 16 milhões de euros por
Numa primeira versão do seu comunicado, o Braga quis envolver o Benfica como pagante dos 1,6 milhões de euros, mas a frase foi retificada “a posteriori”
90 por cento do passe de Rafa – a restante fatia estava na posse de Araújo, devendo a mesma ser adquirida pelas águias, por forma a ficarem com a totalidade dos direitos. Também por esse avultado valor que irão pagar, os encarnados entendiam que nada tinham a pagar de comissões. Isto apesar de, numa primeira versão do seu comunicado, os bracarenses terem tentado colocar o clube da Luz como... pagante. “Esperamos que a Benfica SAD, a qual juntamente com o presidente Luís Filipe Vieira se tem pautado por um comportamento exemplar ao longo de todo o processo de transferência, consiga ultrapassar a imposição feita pela Onsoccer”, lia-se na versão inicial. No entanto, uma segunda frase substituiu e suavizou a primeira: “Esperamos que o impasse criado pela Onsoccer International possa ser ultrapassado.”
Ainda em defesa da sua posição, o Braga garantiu não estar obrigado a pagar uma comissão à empresa de António Araújo. “A Onsoccer International quer impor à Benfica SAD a inclusão de uma cláusula no contrato de transferência através da qual as partes reconheceriam que, no acordo entre clubes, existiu intermediação de Jussara Mary da Silva Correia [agente FIFA ligada à empresa referida] em representação da Braga SAD. Como tal facto não corresponde à verdade, a Braga SAD recusa tal cláusula”, lê-se no comunicado dos minhotos, onde se frisa ainda que “a negociação foi integralmente levada a cabo entre presidentes” dos clubes. Na resposta, a Onsoccer alegou que a empresa foi “habilitada prévia e contratualmente” pela SAD minhota para “intermediar a transfe-
rência entre clubes”. Como tal, exige “a correspondente remuneração”, alegando ainda que “única e exclusivamente por via da sua ação em representação do interesse da Braga SAD, foi possível obter um princípio de acordo com a Benfica SAD”.
Rafa continua a treinar em Braga, à espera de ordem para fazer exames no Benfica.