O Jogo

Poucochinh­o, poucochinh­o, poucochinh­o

- Paulo Baldaia

Quero tanto ser campeão que jamais perderei a fé, enquanto a matemática me mostrar que continua a ser possível. Vivo mais preocupado com os argumentos que preciso de ter para as conversas de café, do que com os níveis em que anda o meu “fédometro”. A minha fé nunca morre. Nunca, nunca, nunca. Jamais me atreveria a condenar um irmão, por que razão aceitaria desistir do FC Porto? Isso é uma tradição da Segunda Circular de Lisboa, eles são mais ou menos religiosos de acordo com as vitórias. Nós somos Porto! Somos uma família.

Está lembrado Nuno Espírito Santo da frase que o celebrizou? Parece-me que está na hora de fazer um retiro com os putosmarav­ilha que tem no plantel e explicar-lhes o que é ser Porto, convencend­o-os que, quando os árbitros deixam dar porrada, nós não nos ficamos. Dou-lhe o meu exemplo, eu não me fico quando em Lisboa, cidade onde vivo e crio uma filha de sete anos, portista do coração, me dizem que nós temos de ficar calados com as más arbitragen­s, porque é suposto termos beneficiad­o delas no passado. Não se fique também, assuma a evidência de que o FC Porto está a ser prejudicad­o.

Mas, porque somos Porto, também sabemos olhar para a nossa equipa e perceber o que não está bem. É muito poucochinh­o jogar 20 minutos em cada jogo, como aconteceu na terça-feira em Leicester e já tinha acontecido noutros jogos. Tem de dizer aos artistas Otávio e Óliver Torres que eles ainda não são o Messi para poderem esconder a bola entre os tornozelos. Com eles acontece o que aconteceu na Liga dos Campeões, alguém chega lá e rouba-lhes a bola. Também não percebo o suficiente de futebol para dizer, sem margem para dúvidas, que o Adrián López não tem lugar na equipa do FC Porto, mas não lhe dou novidade nenhuma se lhe disser que ele não tem acrescenta­do nada.

Tenho fé no Porto e tenho fé em si, mas preciso de lhe pedir ajuda. Chateie-se, Homem! Assuma, sem paninhos quentes, a liderança dessa equipa que tem potencial para ser campeã mas está a precisar de si para reconhecer o caminho. Menos do que isso, é assumir que qualquer um pode ser treinador do Porto e isso não é verdade. Bem sei que não tem uma tarefa fácil. Por exemplo, nos jogos em que começa o Herrera a titular raramente as coisas funcionam. Tira-o e mete o André André e o jogo muda. Quando faz ao contrário, a coisa funciona na mesma. Não lhe gabo a sorte. Ainda assim, pode contar connosco, os adeptos do FC Porto são os últimos a desistir. Não desista também, obrigue a nossa equipa a jogar o jogo inteiro. Menos do que isso é poucochinh­o.

P.S. Escrevi esta crónica antes do jogo com o Nacional. Dou-lhe já os parabéns pela vitória. Se me enganei, peço desculpa. E fico à espera que peça desculpa aos adeptos.

Otávio e Óliver ainda não são o Messi para poderem esconder a bola entre os tornozelos e Adrián não tem acrescenta­do nada

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