QUANDO TER JÁ UM VEREDICTO É PURA ILUSÃO
Leões tinham jogo aparentemente controlado e vitória na mão, a vinte minutos do fim; dois golos de rajada deram nova vida aos da casa, premiados a fechar
O Vitória entrou mais forte e surpreendeu leões que contaram com “magia” de Gelson para “partir”. Podiam ter “matado” a abrir a etapa final, fizeramno pouco depois e cederam a recuperação épica
Se há verdade que nunca pode ser posta em causa como a de um resultado de um jogo de futebol ser incerto até final, Sporting e V. Guimarães comprovaram-na ontem sem qualquer margem para dúvidas. Aos 70’, com o 0-3 apontado por Elias, os leões estavam por cima, mandavam no jogo e tinham uma vantagem confortável que só não era mais dilatada por uma série de perdidas verificadas desde o intervalo. Nos cinco minutos que se seguiram, porém, os vimaranenses reduziram para 2-3 com um bis de Marega e ganharam novo fôlego: até final, o Sporting procurou defender a vantagem com unhas e dentes e o Vitória perseguiu até à exaustão a divisão de pontos conseguida aos dramáticos 89’.
O jogo até começou com ascendente vimaranense, que povoava o miolo com o estreante Prince, central por definição. Os minhotos contrariavam a articulação ofensiva dos leões e armavam investidas rápidas no ataque, munidos da mobilidade e velocidade do tridente ofensivo a que era suposto juntarse Hurtado, o que raramente sucedeu – daí ter sido sacrificado ao intervalo, dando lugar a Bernard (que também não faria muito melhor, de resto). Aos poucos, porém, o Sporting tomou as rédeas ao jogo, muito por conta das ações de William e Adrien, mas foi com a explosão de Gelson – o jogador a quem Jesus reconhece “magia” inigualável – que os leões abriram o livro e começaram a escrever um resultado que acabaria com mais cinco golos. Em vantagem, os leões geriram com tranquilidade o ascendente verificado, apesar de ficarem privados da intensidade ímpar do capitão Adrien, lesionado aos 36’ e rendido por Elias. Acabariam por dilatar a vantagem ainda antes do intervalo, desde os 1,96 m de Coates.
Se o resultado fazia prever uma entrada mais contida da equipa de Alvalade, a verdade é que a dinâmica ofensiva com que retomou o jogo mostrou que os leões queriam resolver cedo. Sucediam-se as oportunidades de golo junto à baliza de Douglas, que acabaria por dar um contributo que se perspetivaria decisivo, na altura, ao dar um frango monumental a tiro de Elias. O Sporting mandava no jogo e comandava destacado no marcador com três golos sem resposta. Logo a seguir, porém, William fez falta sobre Hernâni na grande área e Marega não perdoa no penálti; assim como não perdoou ao ser superiormente assistido por João Aurélio. O Sporting abanou, o Vitória cresceu e foi no frenesim entre o sufoco e a ânsia que na vertiginosa torrente até final se consumou a recuperação vimaranense ou o soçobrar do leão. Tal como em Madrid, tal como com o Estoril, os leões voltaram a permitir um golo ao adversário ao cair do pano. Começam a ganhar contornos fantasmagóricos os instantes que antecedem o apito final.