Que Sporting nos traz o Outono?
Nestes últimos anos o Sporting não conseguiu ganhar o campeonato nacional de futebol. Infelizmente para todos nós Sportinguistas. Parece que clubes adversários contabilizaram campeonatos de uma maneira questionável e por isso a atual Direcção do Sporting invoca e reclama mais quatro campeonatos. Confesso que me parece mais uma questão menor para não utilizar outro termo menos próprio. Reclamar mais campeonatos sem ganhar nenhum? Será que não se percebe o quão ridículo é? A propósito de ganhar, convém lembrar que fomos a única equipa portuguesa a vencer nas participações europeias de futebol. Uma exibição em casa não muito exuberante e em aparente poupança para Guimarães. Mas ganhámos. Depois do sorteio europeu, quem se atrevia a vaticinar esta situação relativa?
São conhecidos os convocados para a Selecção Nacional de futebol com uma novidade que para nós era óbvia: Gelson Martins foi convocado. Estranho bastante que, dadas as “potências desportivas” que vamos defrontar, o nosso seleccionador não aproveite a oportunidade para testar Rúben Semedo. Já merece uma oportunidade e esta seria uma boa altura. Fica a nota de desapontamento pelo “esquecimento” de Fernando Santos.
“O Sporting agora é dos sócios” foi e é um dos lemas muito usado recentemente. Todavia, com o advento das SAD, essa aparente verdade começou a ser posta em causa. Hoje, começa cada vez mais a ser difícil de entender o que o futuro nos reserva. Se o Sporting Clube de Portugal é o principal accionista da Sporting SAD a chamada de novos accionistas deve ser devidamente equacionada. Para muitos o importante, o mais importante, é ganhar independentemente de quem é verdadeiramente o dono do clube. Espero que estas “contas” noticiadas e estas chamadas de novos accionistas que surgem no horizonte não signifiquem a vontade de continuar a liderar independentemente de quem é verdadeiramente o “dono” do Sporting.
A dita Comissão de Audições ouviu já três ex-presidentes. Alguém me consegue dizer qual a vantagem para os próprios ou para o Sporting deste triste episódio da nossa história? Eu não consigo encontrar vantagens, absolutamente nenhumas, para o Sporting.
Em Guimarães, o Sporting teve a sorte do jogo na primeira parte (ainda o resultado estava a zero e Marega falha na cara de Rui Patrício), fazendo por isso e construindo dois golos, apesar da lesão de Adrien (que espero não seja grave) tivemos bons exemplos do perfume do futebol de Gelson, um artista da bola que brilha intensamente, para além da estreia de Markovic a marcar. Na segunda parte ainda vimos o árbitro não assinalar um penálti de Semedo sobre Marega e depois sofremos três golos em 15 minutos (ainda que me parecesse ter existido falta de Soares sobre Schelloto), o que não é aceitável numa equipa que luta para atingir o título. O que dizer de oito golos sofridos nos últimos três jogos do campeonato, marcados em muito pouco tempo, não esquecendo os dois na fase final do jogo de Madrid?
Vivemos num hemisfério e num continente de privilegiados, apesar de convivermos com a pobreza e a desigualdade nas nossas fronteiras, dentro e fora delas. A problemática dos refugiados e dos que procuram melhores condições de vida está longe de estar resolvida e o número de “muros” que se vão sucedendo por essa Europa fora não nos deve deixar indiferentes. Muitos são os responsáveis nesta tarefa e, infelizmente, nem todos cumprem a sua missão. A Liberdade como valor associado à Fraternidade deveria pautar as actuações de quem tem responsabilidade pública, mas nem sempre tal acontece como vamos sabendo. Pensar primeiro em nós está de tal forma “entranhado” na nossa matriz comportamental que se torna difícil encontrar alguns “anjos da guarda” que vão transformando as nuvens negras em sol radioso, mesmo no Outono. Estação excelente para reflectir sobre o nosso papel no mundo em que vivemos numa altura em que António Guterres parece estar ameaçado por uma aliança de quem “manda”. Não deixemos tudo para os outros, façamos o nosso papel. Talvez vejamos o nosso vizinho com outros olhos!