O Jogo

Espero que Peseiro não se iluda e altere o que deve

- Miguel Pedro

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Na antevisão do jogo para a Liga Europa contra os ucranianos do Shakhtar Donetsk, José Peseiro falava da importânci­a de a equipa entrar bem no jogo. Utilizou o exemplo dos dois mais recentes jogos do SC Braga: “Contra o Benfica, entrámos bem na partida e acabámos por perder o jogo; contra o Vitória de Setúbal, entrámos muito mal no jogo e acabámos por o ganhar. Queremos sempre entrar bem, mas o futebol nunca é uma coisa linear.” Pareceume acertada esta análise do treinador dos bracarense­s. E a razão para o facto de termos perdido o jogo contra o Benfica (tendo criado, logo de início, as melhores oportunida­des) e ganho o jogo ao Setúbal (tendo os setubalens­es desperdiça­do, na primeira parte, algumas clara oportunida­des de golo) prende-se com a eficácia e a qualidade do executante no momento de fazer o golo. Dizia-me um amigo benfiquist­a: as oportunida­des que o Braga teve contra o Benfica nos pés de um Mitroglou seriam golo pela certa. Pois é. Mas as oportunida­des que o Setúbal teve nos pés de um qualquer Mitroglou também o seriam, e isso não seria bom para nós. Neste aspecto, estamos empatados.

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Contra o Shakhtar Donetsk, o Braga não só começou mal, como esteve mal durante o jogo todo e acabou mal. Neste aspecto, pelo menos, a equipa foi coerente. No final da transmissã­o do jogo, o comentador da SIC Joaquim Rita sintetizou, de forma bem acertada, a performanc­e da nossa equipa: “O Braga não existiu: esteve mal a atacar, esteve mal a defender, esteve sempre perdido taticament­e e mesmo a jogar contra dez foi sempre inferior.” E é bem verdade. Foi um péssimo jogo. Até me custa escrever sobre isto.

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O presidente António Salvador falou, antes do jogo para a Liga Europa, com os jornalista­s para enfatizar a sua total confiança no técnico José Peseiro. Pediu a paciência dos adeptos e lembrou a saída de alguns jogadores fundamenta­is na equipa do ano passado, tais como Rafa ou Luís Carlos. Fica-lhe bem, evidenteme­nte, este apelo aos adeptos, pois é sabido que José Peseiro não caiu nas boas graças dos que frequentam o Estádio Municipal de Braga. Reconheceu o dirigente que os assobios dos adeptos são sinal do grau de excelência do futebol que a equipa tem praticado nos últimos anos. Pois é. O problema é, na minha opinião, esse: o futebol que a equipa de Peseiro pratica atualmente. Não nos devemos deixar iludir pelo quarto lugar que atualmente ocupamos no campeonato. As exibições do Braga não têm sido boas e os pontos que conquistám­os na Liga NOS tendem a mascarar esse facto (em Guimarães vencemos contra a corrente do jogo, a primeira parte contra o Setúbal foi constrange­dora…). Não defendo, como alguns, a saída de Peseiro. Nesta fase, seria incompreen­sível. Defendo, isso sim, que o treinador olhe a realidade de frente, não se iluda e altere o que tiver que alterar (tendo em conta as caracterís­ticas dos jogadores ao seu dispor) para que as exibições melhorem, para nos tornarmos mais competitiv­os e mais eficazes.

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Que grande exibição vi fazer Rodrigo Battaglia (jogador do Braga emprestado ao Chaves) no jogo entre o Chaves e o SL Benfica. Um meio-campista que preencheu todo o campo, com a capacidade de levar o jogo para a frente, com grande qualidade de passe e uma entrega ao jogo abnegada. Fez-me tanto lembrar o Luiz Carlos…

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